Pesquisas da Fundação Itaú apontam desafios para a permanência escolar
No primeiro semestre deste ano, a Fundação Itaú lançou dois estudos que avaliaram a trajetória escolar de crianças e adolescentes, os desafios para permanência escolar e o estímulo necessário para que os jovens fora da escola retornem para concluir a educação básica.
A pesquisa “A permanência escolar importa: Indicador de Trajetórias Educacionais”, do Observatório da Fundação Itaú e do Itaú Social, acompanha os estudantes nascidos entre 2000 e 2005, que atualmente têm entre 19 e 24 anos, ao longo dos anos letivos. O levantamento revelou que quase metade (48%) concluiu o Ensino Fundamental com alguma intercorrência, como evasão, abandono ou reprovação. Ao chegar no Ensino Médio, a taxa sobe para 59%.
Pnad mostra piora na trajetória escolar de crianças e adolescentes do Ensino Fundamental
Os indicadores mostram que, entre os alunos acompanhados entre 2011 e 2019 e que terminaram o Ensino Fundamental com alguma intercorrência:
- 27% apresentaram trajetória com pouca irregularidade: aquela em que há uma ou duas intercorrências, como entrada tardia e episódios de reprovação e/ou abandono;
- 11% apresentaram trajetória com muita irregularidade: que representa mais de dois anos de defasagem devido às mesmas ocorrências;
- 10% apresentaram trajetória interrompida: quando o estudante evade ou abandona a escola e não retorna ao sistema no período de tempo analisado.
A metodologia de construção do indicador levou em consideração a regularidade da trajetória educacional de nove anos, que corresponde ao Ensino Fundamental (do 1º ao 9º ano), e a regularidade do percurso escolar de doze anos, que contempla ainda o Ensino Médio.
Guia mostra papel das organizações da sociedade civil na Busca Ativa Escolar
A pesquisa evidencia que os estudantes com nível socioeconômico mais alto apresentaram regularidade expressivamente melhor do que os mais vulneráveis. Assim, enquanto 70% dos alunos do primeiro grupo tiveram trajetórias regulares, apenas 38% daqueles de escolas mais vulneráveis conseguiram iniciar e finalizar o Ensino Fundamental na idade correta.
Evasão Escolar
O percurso do estudante marcado por interrupções impacta na decisão dos jovens em retornar aos estudos. De acordo com os dados da pesquisa “Juventudes fora da escola”, da Fundação Itaú e do Itaú Educação e Trabalho, 68% das pessoas entre 15 e 29 anos que evadiram informaram já terem sido reprovadas ao menos uma vez.
De acordo com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), focada na educação da população brasileira, existem nove milhões de jovens que não completaram o Ensino Médio. A necessidade de trabalhar é o principal fator que leva o estudante a sair da escola, com 41,7% das respostas. A falta de interesse é o segundo maior empecilho, registrando 23,5%, e a gravidez é o terceiro, com 9,7%.
O maior contingente da evasão ocorre a partir dos 16 anos, entre 16% e 21,1%, segundo a Pnad. Mesmo assim, a pesquisa chama atenção para a desistência precoce, na idade do Ensino Fundamental, que foi de 6,2% até os 13 anos e de 6,6% aos 14 anos, conforme também observado de forma longitudinal pelo levantamento “A permanência escolar importa: Indicador de Trajetórias Educacionais”, do Itaú Social.
Mesmo distante da escola, 73% dos jovens nessa situação têm interesse em concluir os estudos, como revela a pesquisa “Juventudes fora da escola”. Desse índice, 28% possuem o Ensino Fundamental incompleto e 16% concluíram essa etapa.
O estudo mostra que as principais razões para terminar o Ensino Médio é a melhora da condição profissional, seja para ter um emprego melhor (37%) ou arrumar um emprego (15%), seguida pelo desejo de cursar uma faculdade (28%).
Sobre a Fundação Itaú
A Fundação Itaú busca inspirar e criar condições para promover o desenvolvimento de cada brasileiro como cidadão capaz de transformar a sociedade. Por meio dos três pilares – Itaú Cultural, Itaú Social e Itaú Educação e Trabalho –, ela se dedica a programas, ações e articulação com diferentes setores da sociedade para atender às urgências do Brasil contemporâneo.
Fonte: Itaú Social
Para saber mais sobre o direitos das crianças, conheça a newsletter Infância na Mídia.