Banco Mundial: América Latina ampliou educação, mas população pobre ainda tem menos oportunidades

Compartilhe

Na América Latina e Caribe, apenas 50% das crianças de três anos de idade oriundas dos 20% mais pobres está na escola. No caso dos meninos e meninas que fazem parte dos 20% mais ricos, a taxa sobe para 90%. Em faixas etárias mais avançadas, disparidades também podem ser observadas. Em média, apenas 20% dos adultos de 21 anos de idade estão na escola. Todavia, entre os 20% mais ricos, o índice chega a 60%. Dados são de uma nova análise do Banco Mundial sobre acesso a educação.

Divulgado nesta semana por ocasião do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, lembrado em 17 de outubro, o levantamento do organismo financeiro aponta que países latino-americanos e caribenhos conquistaram um avanço importante na democratização da educação — os jovens de hoje têm escolaridade superior à de seus pais.

Todavia, a juventude nascida dos segmentos menos educados continua tendo uma probabilidade mais elevada de permanecer entre o grupo com menor nível educacional, quando comparada com sua própria geração. Para organismo internacional, desigualdades não foram devidamente enfrentadas. Diferenças significativas persistem sobretudo na educação infantil, no ensino médio e no superior.

O Banco Mundial avaliou a proporção de crianças nascidas da metade da população que é menos educada, mas que consegue chegar, posteriormente, aos 25% com o nível mais alto de escolaridade. Em um mundo de perfeita isonomia, no qual todas as crianças tivessem acesso às mesmas oportunidades educacionais, cada criança teria 25% de chance de estar no segmento de capacitação mais elevada.

Contudo, na América Latina e no Caribe, o índice da maioria dos países está abaixo dos 15%, com algumas poucas exceções, como a Costa Rica. Sete nações da região estão no grupo de pior desempenho, com El Salvador, Guatemala e Panamá entre os de pior resultado.

A região testemunha um fenômeno exclusivo, de acordo com o Banco Mundial. Os ganhos das últimas décadas levaram a um aumento da taxa de mobilidade absoluta — calculada com base na comparação entre gerações —, mas a mobilidade relativa — referente à possibilidade de transitar entre segmentos (de renda ou escolaridade, por exemplo) numa mesma geração — continua refletindo lacunas consideráveis entre grupos sociais.

O cenário preocupa o organismo financeiro porque quanto menor o acesso a níveis superiores de ensino, menores as chances de melhorias a longo prazo no que tange à distribuição de renda, à redução da miséria e à produtividade.

A instituição também chamou atenção para os problemas específicos da população indígena. Segundo o Banco Mundial, 43% dos indígenas vivem em situação de pobreza moderada na América Latina, e 24% em pobreza extrema. Esse último índice é 2,7 vezes superior ao de não indígenas vivendo em condições de miséria extrema.

Além da maior probabilidade de viverem na penúria, os indígenas também têm uma visão menos otimista da mobilidade do que os outros
cidadãos, ressalta o Banco Mundial.

Citando o relatório América Latina Indígena no Século XXI, de 2015, o organismo lembra pesquisa que revelou que, quando se pede aos indígenas que classifiquem a si mesmos em uma escala onde 1 é pobre e 10 é rico, eles se situam na metade inferior e se veem, em média, em um nível abaixo dos não indígenas. Quando se pede que classifiquem a situação futura de seus filhos, os pais não indígenas dizem esperar que as crianças cheguem aos 50% mais ricos, ao passo que os pais indígenas têm expectativas de melhoras, mas veem seus filhos permanecendo na metade inferior.

Fonte: ONU Brasil