UNICEF capacita profissionais de saúde na Amazônia Legal para atenção integrada às crianças indígenas

UNICEF capacita profissionais de saúde na Amazônia Legal para atenção integrada às crianças indígenas

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O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) vem trabalhando em parceria com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) para fortalecer a atenção integrada à saúde infantil em territórios diretamente impactados pela seca e estiagem na Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), dando prioridade aos grupos com as maiores taxas de mortalidade infantil na região. Ao longo de 2024, foram realizadas oficinas de formação em oito Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) localizados na região, capacitando cerca de 398 agentes indígenas de saúde, enfermeiros, técnicos de enfermagem, líderes comunitários, pajés e parteiras, e impactando indiretamente mais de 32 mil crianças.

“Fortalecer as capacidades dos profissionais de saúde para tratar doenças prevalentes na infância, além de envolver a comunidade e as famílias no processo de cuidado e prevenção, é essencial para mitigar os impactos da seca e reduzir a mortalidade infantil e fetal em territórios vulneráveis,” destacou Lídia Pantoja, Oficial de Saúde e Nutrição do UNICEF.

No Pará foi realizada uma Oficina de Estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), entre os dias 16 e 19 de dezembro de 2024, na aldeia Trocará, em Tucuruí. Desenvolvida em parceria com a SESAI e o Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá-Tocantins (DSEI GUATOC), a capacitação reuniu 40 profissionais de saúde, incluindo agentes indígenas de saúde (AIS), enfermeiros, técnicos de enfermagem, parteiras e lideranças indígenas.

Durante a capacitação, os participantes receberam orientações sobre medidas preventivas de doenças prevalentes na infância e de promoção da saúde, calendário vacinal, aleitamento materno, alimentação complementar e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. A iniciativa teve como objetivo fortalecer os serviços e equipamentos de saúde pública para reduzir a mortalidade materna, infantil e fetal entre as comunidades indígenas do território.

A Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) é um dos indicadores mais eficazes para refletir não somente aspectos da saúde de crianças, como a qualidade de vida de uma determinada população. Segundo o Ministério da Saúde, a Região Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) apresenta taxas de mortalidade infantil mais elevadas em comparação à média nacional. Em 2010, a taxa na região era de 21 óbitos a cada mil nascidos vivos, em contraste com a média nacional de 16 óbitos por mil nascidos vivos.

Apesar de avanços significativos nas últimas décadas, comunidades indígenas e territórios vulneráveis enfrentam maiores desafios. A mortalidade infantil está frequentemente associada a condições como pneumonia, diarreia, desnutrição, malária e infecções perinatais, muitas das quais podem ser prevenidas com intervenções simples e eficazes.

Uma abordagem integrada para salvar vidas

A estratégia AIDPI, desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), OPAS e pelo UNICEF, considera simultaneamente o conjunto de doenças prevalentes na infância, promovendo um cuidado global, integral e sistematizado. “Essa metodologia reduz significativamente a mortalidade infantil ao capacitar profissionais de saúde no nível primário de atenção, reconhecendo a diversidade e integrando comunidade e famílias no processo de cuidado e prevenção”, destaca Pantoja.

“O Agente de Saúde Indígena é a ponte entre a comunidade e os serviços de saúde. É ele quem conhece a língua, a cultura e as urgências da aldeia. Estamos saindo dessa formação ricos de conhecimento, prontos para colocar em prática o que aprendemos. Preparar a mulher antes, durante e depois da gestação, cuidar da criança ao nascer, acompanhar seu crescimento e desenvolvimento até os cinco anos – tudo isso é fundamental. É preocupante que, em tempos de tantos avanços na medicina, crianças ainda morram por doenças simples devido à falta de informação”, comentou Lucivane, Agente Indígena de Saúde da aldeia Paranupitero, etnia Parakanã.

“Sabemos que existe uma grande dificuldade para o acesso a algumas comunidades, mas é muito importante que as pessoas se disponham a vir até os nossos territórios para compreender nossa realidade, as nossas necessidades e também as nossas potências. Essa interação nos fortalece e amplia o olhar de quem nos visita. Estamos felizes por essa parceria entre o UNICEF e a SESAI, que traz esperança para a nossa comunidade. Esperamos que esse conhecimento continue sendo levado a outras etnias”, completou.

Sobre a Estratégia AIDPI

AIDPI é uma abordagem global voltada para a redução da mortalidade infantil em crianças menores de cinco anos, considerando problemas como pneumonia, diarreia, desnutrição e infecções perinatais. A estratégia reforça a capacitação de profissionais, a reorganização dos serviços de saúde e a educação em saúde comunitária, promovendo uma resposta integrada às necessidades das crianças e suas famílias.

 

Fonte: Unicef Brasil

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