Falta de saneamento básico provocou 70 mil internações entre crianças com menos de 4 anos em 2024
A falta de saneamento impacta diretamente a saúde das crianças no Brasil. Em 2024, o país registrou mais de 344 mil internações de todas as faixas etárias por doenças relacionadas ao saneamento inadequado. Entre essas hospitalizações, 168,7 mil ocorreram por infecções transmitidas por insetos, principalmente dengue. Outras 163,8 mil decorreram de doenças de transmissão feco-oral, como gastroenterites causadas por vírus, bactérias ou parasitas.
Os dados, divulgados pelo Instituto Trata Brasil, indicam que o problema atinge principalmente crianças e idosos. Entre os hospitalizados, cerca de 70 mil tinham até 4 anos, representando 20% do total. Nessa faixa etária, a incidência de internações chegou a 53,7 casos por dez mil crianças, três vezes mais do que a média geral.
Desigualdade e impacto familiar
A população de menor poder aquisitivo sente os efeitos de forma mais intensa. Em 2024, 64,8% das internações atingiram pessoas negras ou pardas. Indígenas, embora representem 0,8% do total de casos, tiveram uma incidência de 27,4 hospitalizações por dez mil habitantes.
Famílias que vivem em locais sem acesso à água tratada e esgoto coletado enfrentam um risco maior. Crianças pequenas, mais vulneráveis a infecções, necessitam de cuidados frequentes para evitar complicações.
Cenário nas regiões
A Região Centro-Oeste teve a maior incidência de internações em 2024, com 25,5 casos por dez mil habitantes, impulsionada pelo surto de dengue. No Norte, a taxa chegou a 14,5 por doenças de transmissão feco-oral, o dobro da média nacional. No Maranhão, o índice alcançou 42,5, um dos mais altos do país.
Prevenção e soluções
O acesso à água tratada e a ampliação da coleta e do tratamento de esgoto podem reduzir em quase 70% as internações por doenças associadas ao saneamento. Isso representa uma economia de R$ 43,9 milhões por ano para o sistema de saúde.
A higiene pessoal, especialmente a correta lavagem das mãos, e o descarte adequado de lixo também ajudam na prevenção. Famílias que moram em áreas vulneráveis podem buscar orientação em unidades de saúde sobre medidas de proteção e cuidados com a água e os alimentos.
Mortalidade e preocupação com o futuro
O estudo também analisou a mortalidade ligada a essas doenças. Em 2023, ocorreram 11.544 óbitos em todas as faixas etárias relacionados ao saneamento, sendo 5.673 por infecções feco-orais e 5.394 por doenças transmitidas por insetos.
A maioria das mortes ocorreu entre idosos, mas a taxa de óbitos entre indígenas foi quatro vezes maior do que na população em geral.
Para saber mais sobre o direitos das crianças, conheça a newsletter Infância na Mídia.