
Os direitos das crianças e dos adolescentes na pauta climática: Guia para a cobertura jornalística
(2025)

Realização:
ANDI – Comunicação e Direitos
Parceiros estratégicos: Act For Early Years e Fundação Van Leer
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A crise climática é o maior desafio global da atualidade, impactando de forma desproporcional aqueles que menos contribuíram para o problema: crianças e adolescentes. Reconhecendo essa realidade, o presente guia propõe ampliar o debate sobre a interseção entre direitos da infância e mudanças climáticas, fornecendo subsídios para jornalistas, comunicadores e demais profissionais interessados em cobrir o tema com profundidade, rigor e responsabilidade.
Crianças e adolescentes estão entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas principalmente porque seus corpos e mentes em desenvolvimento os fazem mais suscetíveis aos impactos diretos e indiretos da crise ambiental, como eventos climáticos extremos, insegurança alimentar e deslocamento forçado. Ao mesmo tempo, sua condição os torna também mais dependentes de políticas públicas eficazes e de sistemas de proteção que garantam sua segurança e bem-estar.
No entanto, apesar da vulnerabilidade, essa parcela da população ainda é pouco considerada nas principais negociações e acordos climáticos globais e nas políticas climáticas brasileiras. Além disso, os espaços para participação das crianças e dos adolescentes como protagonistas – não apenas como vítimas, mas como agentes de mudança – ainda são escassos quando se trata de políticas climáticas.
Os debates, metas e acordos globais que emergem das Conferências das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COPs) orientam políticas e ações em nível nacional e local. A ausência de uma abordagem sistemática sobre a infância e a adolescência nesses processos pode resultar em estratégias que desconsideram suas necessidades específicas, ampliando os riscos que já enfrentam.
Outros instrumentos internacionais, como a Convenção sobre os Direitos da Criança, estabelecem diretrizes para assegurar que crianças e adolescentes tenham seus direitos respeitados e já os relaciona com as mudanças climáticas. Porém, os desafios impostos pelo aquecimento global colocam esses direitos em xeque, exigindo que a política climática passe a inserir de maneira definitiva a perspectiva da infância.
A ameaça sistemática a direitos e a vulnerabilidade infantojuvenil diante da crise climática reforçam a necessidade de um olhar atento da sociedade para essa parcela da população. A imprensa e os profissionais de comunicação são essenciais nesse processo: desde a construção de narrativas que liguem a grandiosidade dos acordos internacionais aos impactos cotidianos sobre a realidade das diversas infâncias até o questionamento da maneira pela qual as políticas públicas e os mais diversos setores estão respondendo a esses desafios.
A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) no Brasil representa uma oportunidade ímpar para trazer essa questão ao centro das discussões. Pela primeira vez, o país sediará a arena global de tomada de decisões sobre o futuro climático do planeta. Esse momento amplia a atenção da sociedade e da imprensa para o tema, criando um ambiente propício para aprofundar o debate sobre como as alterações do clima colocam em risco os direitos das crianças e dos adolescentes e como as políticas ambientais – globais, nacionais e locais – se relacionam com essa faixa etária.
O presente guia foi elaborado para apoiar profissionais de comunicação nesse processo. Diante da expectativa de que muitos jornalistas participem, pela primeira vez, de um evento internacional de negociações climáticas, este material pretende cumprir uma dupla função:
- Fornecer um ponto de partida para a cobertura da COP 30 com foco nos direitos infantojuvenis, auxiliando na compreensão da estrutura e dos processos da conferência e apresentando de que maneira a infância e a adolescência se inserem – ou não – no contexto das negociações climáticas internacionais.
- Oferecer informações contextualizadas sobre a relação entre mudanças climáticas e infância, reunindo em um só lugar elementos essenciais para abordar os impactos da crise para essa faixa etária, como as vulnerabilidades envolvidas, os direitos ameaçados, as políticas nacionais e locais, com especial atenção à realidade brasileira.
Além disso, o guia inclui sugestões de abordagens, temas relevantes para acompanhamento contínuo e um banco de fontes de informação que reúne organizações especializadas na interface entre infância e clima, organizações especializadas em negociações internacionais de clima e organizações de crianças e adolescentes protagonistas na luta por justiça climática.
Esperamos que esta publicação seja usada não apenas no período efervescente da COP 30, mas sirva de subsídio para uma cobertura contínua. Com ela, a ANDI reafirma seu compromisso com a promoção dos direitos humanos, infantojuvenis e socioambientais e com a oferta de orientação a jornalistas para que possam abordar, com rigor e sensibilidade, os desafios que emergem da interseção entre direitos da criança e mudanças climáticas.
Convidamos o profissional a explorar, conhecer o tema e colocar em prática as pautas apresentadas neste guia, sempre buscando aprofundar a análise e ampliar a conscientização sobre a importância de proteger os direitos de crianças e adolescentes em um clima em transformação.