Estudo revela como secas e chuvas vêm afetando calendário escolar no Brasil

Veículo: CNN Brasil
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Um estudo realizado por pesquisadores do INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) revelou que, entre os mais de 26 milhões de estudantes brasileiros matriculados no Ensino Médio, cerca de 15 milhões (57,6%) estão matriculados em escolas com baixa ou mínima capacidade de prevenção a enchentes. Já 8 milhões (33,8%) encontram-se em unidades de ensino sem preparação para períodos de estiagem ou seca.  

Os dados foram apresentados durante a 77ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), que aconteceu entre os dias 13 e 19 de julho em Recife. Durante o evento, também foram compartilhadas informações sobre como as mudanças climáticas vêm afetando drasticamente o dia a dia escolar no país. 

No ano passado, mais de 1 milhão de estudantes do Ensino Médio perderam aulas no Brasil por causa de eventos climáticos extremos de seca ou de enchentes. Segundo dados apresentados pelo MEC (Ministério da Educação) no início de julho, o país não bateu a meta de alfabetização infantil em 2024 devido às enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul no ano passado.

Para chegar aos números apresentados na reunião da SBPC, os pesquisadores levaram em consideração o ISH (Índice de Segurança Hídrica), método de inspeção que utiliza mapas georreferenciados para identificar potenciais impactos extremos ocorridos por seca e chuvas no país.  

Um exemplo são os eventos climáticos severos registrados em 2024 durante a seca que atingiu os rios Trombetas e Madeira, na bacia Amazônica. Com o baixo nível da água, que interrompeu a navegação na região, centenas de estudantes foram impedidos de frequentar as aulas na região. 

Como combater a evasão escolar causada pelos eventos climáticos? 

Em meio aos esforços que buscam mitigar as consequências das mudanças climáticas em sala de aula, iniciativas como a arrecadação de fundos para as escolas, compra de suprimentos e materiais escolares, sobretudo nos meses de julho e novembro, os mais secos no Norte do país, são vistas como ações que podem diminuir os impactos na rotina dos estudantes. 

Essas práticas educativas, segundo Eduardo Mario Mediondo, professor da EESC-USP (Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo) e um dos autores do estudo, são chamadas de “resiliência pedagógica”.  

Além disso, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) desenvolve desde 2012, a pedido do governo federal à época, um índice com informações sobre os períodos de seca em todo o país, incluindo análises para áreas de agropecuária, regiões rurais e terras indígenas.  

 

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