

Em 12 meses, desmatamento sobe 4% na Amazônia e cai 21% no Cerrado
A área sob alertas de desmatamento na Amazônia teve alta de 4% em 2025 (de agosto de 2024 a julho de 2025) em relação ao mesmo período anterior, segundo dados do sistema Deter, do Inpe, divulgados nesta quinta-feira (7/8). Foram derrubados 4.495 km², área equivalente a três cidades de São Paulo. É o segundo resultado mais baixo da série histórica iniciada em 2016, só perdendo para 2024.
Com a seca extrema e o recorde de área queimada no ano passado, a quase estabilização do desmatamento interrompe o ciclo de queda, mas não pode ser considerada uma má notícia. Em 2024, primeiro resultado do Deter com números só do governo Lula 3, a área sob alertas de desmatamento na Amazônia havia caído 45%. Foi a maior queda proporcional e a menor área da série histórica.
Já no Cerrado houve redução de 21% nos alertas de desmatamento nos mesmos 12 meses. O resultado (5.555 km²) reverteu tendência de alta registrada desde 2021 no bioma, mas a área derrubada continua superando o total na Amazônia. No Pantanal o desmatamento caiu 72% (319 km²) no mesmo período. Os dados foram apresentados pelo coordenador do programa de monitoramento do Inpe, Cláudio Almeida, e pela ministra Marina Silva e equipe no auditório do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
O resultado do Deter é um indicativo de tendência da taxa anual de desmatamento, que deverá ser divulgada até novembro. Ela é medida sempre de agosto a julho por outro sistema do Inpe, o Prodes, que usa imagens de satélites mais precisas que as do Deter. Este sistema emite alertas diários para apoiar a fiscalização em campo realizada por agentes do Ibama e do ICMBio.
Na divisão por Estados, os dados do Deter na Amazônia apontam queda de 21% no Pará, com 1.325 km² nos últimos 12 meses – é o resultado mais baixo da série histórica, apesar da campanha do governador Helder Barbalho (MDB) contra as ações de fiscalização do Ibama.
Em maio, o anfitrião da COP30 acionou o Palácio do Planalto para tentar reverter embargos do órgão ambiental no que chamou de “áreas produtivas do Pará”. O Ibama havia embargado mais de 70 mil hectares em 5 mil fazendas na Amazônia com o objetivo de conter o aumento do desmatamento ocorrido em abril. A ação é apontada como fundamental para a reversão ocorrida em junho e julho, após alta de 91% dos alertas de desmatamento em maio.
“O embargo remoto é uma das estratégias do Ibama para conter os danos ambientais e impedir que infratores obtenham vantagem, financiando e comercializando a produção de áreas desmatadas ilegalmente”, disse o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Jair Schmitt.
Já em Mato Grosso, onde o uso do correntão para o desmatamento ainda é permitido, houve alta recorde de 74% da derrubada. Com 1.636 km² registrados nos últimos 12 meses, o Estado governado pelo bolsonarista Mauro Mendes (União) ultrapassou o Pará como líder do desmatamento na Amazônia. No Amazonas houve alta de 3% (814 km²) e em Rondônia, queda de 35% (194 km²).
“O Ibama agiu e conteve o risco de termos um número ainda maior de desmatamento, o que seria um desastre, principalmente em ano de COP no Brasil. Mas a derrubada da Amazônia continua ocorrendo em patamares inaceitáveis, levando a floresta a um ponto de colapso. O Brasil pode e deve alcançar desmatamento zero, apesar das muitas forças que sabotam esse objetivo e a agenda ambiental, no Congresso ou no próprio governo”, disse o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.
Com o desmonte do licenciamento ambiental aprovado pelo Congresso, a situação poderá sair do controle, com aumento da devastação e da impunidade no país. Estradas na Amazônia, como a BR-319, forte vetor de desmate, podem ser até dispensadas de licença caso o projeto não seja vetado pelo presidente Lula – o prazo é até amanhã (8/8).
Fonte: Observatório do Clima
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