ONU estima a morte de 500 pessoas por dia e até 253 mil por ano, por uso de drogas
América do Norte e Oceania têm maior controle de dados, e registraram o índice mais elevado de mortes
Na abertura da 56ª Sessão da Comissão de Narcóticos, em Viena, o diretor executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), Yury Fedotov, alertou que as drogas ilícitas matam mais de "500 homens, mulheres e crianças" a cada dia. Segundo o relatório do Unodc, estima-se que entre 99 mil a 253 mil mortes possam estar associadas ao uso de drogas ilícitas, e a maioria dessas mortes, que poderiam ser evitadas, resultaram de 'overdose'.
O documento, divulgado no dia 11 de março, foi entregue pela organização aos países que participam esta semana da Comissão de Narcóticos e adverte para o aumento do uso de entorpecentes na América Latina, África e Ásia. Aponta ainda que a América do Norte e a Oceania registram o maior número de mortes relacionadas às drogas – um em cada 20 mortes entre a população de 15 a 64 anos. Para as Nações Unidas, os indicadores apontam maior consumo nessas regiões, mas também melhor monitoramento dos dados. "Os opiáceos continuam a provocar os maiores prejuízos a nível mundial, a julgar pela procura de tratamento, pelo consumo por injeções e pelas infecções por VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana), assim como pelas mortes relacionadas a essa substância", assegura o relatório.
A planta cannabis é a droga mais consumida em âmbito mundial, seguida pelas anfetaminas e seus derivados. De acordo com Yury Fedotov, observou-se uma redução no consumo e na fabricação de cocaína, porém houve alta do consumo e produção de drogas sintéticas e de novas substâncias psicoativas em partes da América do Sul, África e Ásia.
Em 2010, o órgão das Nações Unidas calculava que "de 153 a 300 milhões de pessoas, ou seja, de 3,4% a 6,6% das pessoas com idades entre 15 e 64 anos em todo o mundo", tinham consumido algum tipo de droga pelo menos uma vez no ano. Em relação aos "consumidores problemáticos de drogas", a ONU estimava que entre 15,5 e 38,6 milhões de pessoas usavam de forma habitual cocaína, derivados do ópio ou mesmo ambos. E, quanto aos consumidores de narcóticos injetáveis, os mais perigosos, ascendem entre 11 e 22 milhões de pessoas. Só para o uso da cocaína, estima-se que em 2010 houve entre 13 a 19,5 milhões de consumidores, sublinha o documento, que alerta para o fato de apenas 20% dos casos mais problemáticos terem acesso a tratamentos.
Para Fedotov, as drogas ilícitas e o crime são uma barreira ao Estado de Direito e à democracia. "Representam uma ameaça clara à estabilidade e à segurança de regiões e ao desenvolvimento econômico e social", declarou. Até sexta-feira (15), mais de mil representantes de países e da sociedade civil vão debater medidas internacionais para o combate às drogas.
Fonte: Agência Brasile SIC Notícias