OMS alerta para vulnerabilidade a doenças crônicas de países mais pobres
Hoje as doenças não transmissíveis são as maiores causas de morte e incapacidade no mundo. Em 2008, cerca de 36 milhões de pessoas morreram, o equivalente a 63% de um total de 57 milhões de pessoas. Para 2020, espera-se que o número de mortes por doenças não transmissíveis — associadas às doenças cardiovasculares, câncer, problemas respiratórios crônicos e diabetes — chegue a 44 milhões por ano.
Devido a estes dados, nesta quinta-feira (10) teve inicio uma reunião de alto nível na Assembleia Geral da ONU para avaliação dos progressos alcançados na prevenção e controle de doenças não transmissíveis.
Na abertura do encontro, a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, destacou que desde 2011, quando a Assembleia Mundial de Saúde aprovou a Declaração Política das Nações Unidas sobre a Prevenção e Controle de Doenças Não Transmissíveis, o compromisso de todos para agir na prevenção das doenças tem dado uma boa resposta global, mas ainda assim não é suficiente. As tendências projetadas mostram que essa realidade afetará especialmente as populações mais pobres, que são menos capazes de lidar com as doenças e, por isso, são as mais afetadas.
De acordo com uma pesquisa realizada pela OMS em 2013, dos 172 países que forneceram dados, 95% tem uma unidade ou departamento ou Ministério de Saúde responsáveis por doenças não transmissíveis. Metade destes países agora tem um plano operacional de saúde integrado junto a um orçamento especifico. Entretanto, o número de países com fatores de risco para estas doenças saltou de 30% em 2011 para 63% em 2013.
“Mais e mais países estão recebendo apenas o básico em seus locais”, disse Chan. “Eu não vejo nenhuma falta de compromisso. Eu vejo uma falta de capacidade de agir, especialmente nos países em desenvolvimento”, disse ela, apontando para os dados que mostram que 85% das mortes prematuras por doenças não transmissíveis ocorrem nestes países.
“Os desafios continuam enormes e exigem uma mudança fundamental na forma como o progresso social é medida, a forma como os governos trabalham, como as responsabilidades são atribuídas e como as fronteiras de diferentes setores do governo são definidas”, disse Chan. “A saúde pública deve mudar seu foco da cura para a prevenção, da gestão de curto prazo para a de longo prazo, de partos, vacinas e antibióticos para mudança de comportamentos humanos, de atuar junto a atuar em conjunto com vários setores”, acrescentou.
“O crescimento econômico, a modernização e a urbanização adotaram estilos de vida insalubres e a epidemia da obesidade no mundo está ficando cada vez pior, agravada pela comercialização de alimentos não saudáveis e bebidas”, disse Chan, acrescentando que, muitas vezes, estes alimentos são mais baratos e mais convenientes. Além disso, ela ressaltou a obrigação dos países em educar as pessoas sobre os efeitos do tabagismo, o consumo nocivo de álcool e o sedentarismo.
Entretanto, para a diretora-geral da OMS, o setor de saúde não pode ser responsável por tudo sozinho — é importante que os outros setores da sociedade se envolvam. “Os governos não podem resumir que as doenças não transmissíveis são problemas que o setor de saúde deve administrar por conta própria. Nós não podemos”, disse ela.
Em seu discurso na abertura do evento, o presidente da Assembleia Geral da ONU, John Ashe, também chamou atenção para os países em desenvolvimento, onde o número de mortes por doenças não transmissíveis é bem desproporcional chegando a 80%, principalmente por falta de recursos técnicos e financeiros. Ele afirmou ser fundamental proporcionar o financiamento sustentável e apoio técnico a esses países.
Fonte: ONU Brasil