Após 125 anos da Lei Áurea, abismo social mantém a desigualdade

Veículo: Correio Braziliense - DF
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Uma abolição incompleta. Os indicadores sociais brasileiros comprovam que os negros são mais mal assistidos que a população branca. A população negra tem 1,6 ano de estudo a menos que a branca; representa 65,1% das vítimas de homicídios; e sustenta taxa de mortalidade infantil 60% maior que a da população branca. “Hoje, o negro não tem como não se revoltar. É fato que deram mais oportunidades ao filho do imigrante italiano, que era tão pobre quanto seus antepassados, do que deram para ele”, compara o historiador Bruno de Cerqueira, da Unicamp. Ele ressalta que o racismo nunca foi tão cruel quanto na República Velha, depois da queda da monarquia. “Não havia Código Negro, como em outros países, mas o apartheid que se faz de forma institucional é ainda melhor do que aquele não declarado. O que se fez com os negros aqui foi, simplesmente, não dar oportunidades, deixá-los à margem, nas posições menos qualificadas”.