Brasil está entre os que mais formam professores no mundo

Veículo: O Globo - RJ
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Mesmo com salários bem abaixo da média mundial e condições de trabalho pouco favoráveis, as carreiras na área de educação são mais populares no Brasil do que na maioria dos países membros ou parceiros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Dados do relatório “Education at a Glance”, divulgado nesta terça-feira (12), mostram que 20% dos brasileiros graduados em 2015 optaram por este campo de estudo, o dobro da média da OCDE. Dos 46 países pesquisados, apenas Costa Rica e Indonésia formam mais professores que o Brasil, com 22% e 28%, respectivamente.

A pesquisa aponta, ainda, que o salário inicial de um professor brasileiro da educação básica é de US$ 13 mil por ano (cerca de R$ 40 mil), enquanto os índices da OCDE ficam sempre acima de US$ 30 mil por ano (cerca de R$ 94 mil). Educadores do Brasil também estão entre os que trabalham com as maiores turmas. No ensino médio, por exemplo, a média é de 26 alunos por classe — 14 a mais que a média mundial. Índia, com 34 estudantes por sala, e África do Sul, com 28, são os únicos atrás do Brasil.

Só 15% diplomados em Ciências

Responsável pelo Diretoria de Educação e Habilidades da OCDE, Andreas Schleicher afirma que fazer a profissão ser financeiramente atrativa é parte da equação, mas não o suficiente para garantir professores qualificados.

— É importante que haja formação contínua e suporte profissional, que os governos deem oportunidades para que os professores cresçam em suas carreiras — disse ele, durante a apresentação da pesquisa.

O relatório mostra também que o Brasil está entre os países que menos formam profissionais no campo de ciências, tecnologia, engenharia e matemática. Apenas 15% dos formandos brasileiros são diplomados na área, cuja média é de 23% dos graduados nos países da OCDE. A área atrai poucas mulheres em todo o mundo, mas no Brasil, embora o sexo feminino represente apenas 15% dos formados em tecnologias da informação e comunicação, há mais mulheres no setor de engenharia e construção que nos demais países pesquisados: 34% dos graduados na área, frente à média de 24% da OCDE.