Estados brasileiros têm diferença de aprendizado equivalente a dois anos
Os estudantes do Espírito Santo tiveram o maior destaque no Pisa, principal avaliação internacional de educação, ao se separar apenas os dados do Brasil. O Estado ficou com a maior média nas três áreas entre todas as unidades da federação.
São Paulo, o Estado mais rico do país, ficou em 5º em matemática e leitura. Em ciências, fica na 6º posição – ao desconsiderar os resultados do Paraná, que, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), não registrou amostra significativa.
Se há um abismo entre o desempenho de estudantes brasileiros e o de países ricos em termos de aprendizado, não é diferente também dentro do País. As médias do Pisa 2015 por Estado mostram uma diferença de até 79 pontos entre a a melhor nota (Espírito Santo) e a mais baixa (Alagoas) em leitura, por exemplo.
Isso equivale a mais de dois anos de aprendizado, segundo a OCDE (entidade que reúne países desenvolvidos e que organiza a prova). Nas áreas de matemática e ciências a diferença entre os mesmo Estados é de 66 e 75, respectivamente – cerca de 30 pontos representa um ano letivo de aprendizado. Fazem o Pisa estudantes na faixa dos 15 anos.
Para ter uma ideia da diferença, o Brasil conseguiu avançar em matemática 57 pontos entre 2000 e 2012. Foi a evolução mais significativa do Pisa no período. Mesmo os Estados com nota acima da média do Brasil ficam ainda distantes do índice médio dos países da OCDE.
Em matemática, por exemplo, o Ceará é o único Estado do Nordeste com nota acima da média nacional. "A desigualdade interna reflete a desigualdade que já existe no Brasil do ponto de vista social e econômico", disse a secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.
"Como educadora, é triste demais, porque além do Brasil estar perdendo o passo em relação a outros países da América Latina e em relação a países da Europa, essa desigualdade interna revela uma desigualdade grande do país", completa Castro.
Mesmo com a maior média em leitura no país, o Espírito Santo registra 37% dos alunos com desempenho abaixo do nível 2 da prova, em uma escala que vai até 6. A OCDE considera o nível 2 o mínimo adequado para exercer a cidadania. No outro extremo, Alagoas tem 71% dos estudantes nessas condições.
O Estado de São Paulo, por sua vez, tem quase metade dos estudantes (47%) abaixo do nível 2 em leitura. Em matemática, são 67%. Nesse nível, os estudantes não teriam capacidade de lidar com porcentagens, frações e números decimais.
Os dados dos Brasil agrupam redes pública e privada, mas 74% daqueles que fizeram a prova estão em escolas estaduais. A pasta da educação do governo de São Paulo colocou como meta, em 2011, chegar entre as mais avançadas do mundo até 2030 (na 25ª posição, se fosse um país).
Considerando a maior média de São Paulo na avaliação – 417 em leitura – o Estado estaria em 59º entre os 70 países e territórios. Acima da média do Brasil como um todo, mas 76 pontos abaixo do índice dos países da OCDE.
A secretaria de Educação do Estado de São Paulo informou em nota que o indicador oficial para avaliação das redes públicas é o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), do governo federal.