Em Ipatinga (MG), quem escolhe a reforma das escolas são os estudantes
A gestão democrática é considerada pelos especialistas como um dos elementos mais importantes na garantia de uma educação integral e de qualidade. Algumas perguntas que surgem quando o tema é esse são: como é possível aumentar a participação dos estudantes, tornando o ambiente escolar realmente participativo? Como é possível envolver professores, gestores, estudantes e famílias nas decisões do dia-a-dia da escola?
Ipatinga olhou para o orçamento da Secretaria Municipal de Educação e buscou uma forma de fazer melhorias nas escolas, fomentando a participação e estimulando o debate entre os estudantes. Por meio do Orçamento Participativo da Educação, o órgão separou parte das verbas para que as escolas da rede municipal decidissem, de maneira democrática, como queriam gastar a verba, em função daquilo que desejavam mudar em suas escolas.
Dois anos se passaram e os resultados já são vistos na maioria das 34 escolas da rede municipal. Na maior de todas, a Arthur Bernardes, os estudantes decidiram que queriam uma área de convivência e a melhoria da quadra de esportes. As duas obras foram concluídas e entregues.
Um elemento fundamental do projeto foi a forma como todo esse processo foi conduzido. Em um primeiro momento, a Secretaria fez um processo de debates na escolas visando formar crianças, jovens e suas famílias para a participação e deliberação coletiva. Nessas discussões foram debatidos temas como o voto, como definir uma prioridade, o que é e como se faz uma assembleia, qual papel de um delegado e a importância de ouvir e defender posições.
Depois dessa formação, realizada com toda a comunidade escolar, os estudantes, em suas turmas, realizaram discussões sobre quais os principais problemas da instituição e do entorno. Elegeram duas prioridades do que deveria ser reformado ou construído e selecionaram dois delegados por sala para representar os estudantes na assembleia.
Depois dessa primeira fase, foram realizadas as assembleias, nas quais cada turma levou suas propostas. Depois, foi a vez de envolver os colégios próximos, em um debate sobre as necessidades e potencialidade daquele território, em assembleias regionais, para a qual foram enviados delegados. Juntos, eles definiram seis prioridades educativas e quatro para a cidade.
Por fim, toda rede se encontrou numa plenária final para debater a viabilidade técnica de suas propostas, junto à Secretaria de Educação. Os delegados e delegadas, de posse dessas informações, reorganizaram as demandas prioritárias e aprovaram um plano que deveria ser implementado na escola.
Resultados
No total, foram aprovadas a realização de 38 obras em escolas e regionais. Dois anos depois, foram entregues 29 e as demais estão em fase final. Foram construídos parquinhos, cobertura de quadras, rampas de acessibilidade, além de diversas reformas em pisos, banheiros e salas de aula.