Opinião do professor é nula no debate sobre educação
O professor ensina a tabuada, história do Brasil, geopolítica, o mistério dos olhos de ressaca de Capitu, os catetos e o quadrado da hipotenusa. Comanda aulas em escolas distantes, pobres e improvisadas e, sobretudo, conhece de perto os alunos que o País quer educar. Mas, quando o assunto é a melhoria e os desafios da educação, sua opinião no debate público simplesmente desaparece – seja porque não foi procurado, não quer ou não pode falar (ou acredita que não deve). Enquanto técnicos, políticos, pesquisadores, governos e empresários têm voz ativa em discussões que vão do currículo à formação docente, quem está "na ponta", ou seja, na sala de aula, não aparece. Mas qual a explicação para essa ausência? Na busca por uma resposta, a jornalista Fernanda Campagnucci encontrou vários docentes durante pesquisa de mestrado que finaliza na USP. "Existe uma configuração desfavorável para que os professores participem do debate público sobre educação, e isso leva ao silêncio dos docentes", explica ela, que é editora do Observatório da Educação, boletim da ONG Ação Educativa.