Crianças pernambucanas na mira de ações do Unicef
Cerca de duas mil crianças e adolescentes do Agreste e Sertão de Pernambuco estão na mira do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A organização vem monitorando 107 cidades do semiárido, incentivando projetos nas áreas de saúde, educação, cultura e bem estar. Os olhos também estão voltados para a redução dos índices de mortalidade, assim como o combate à violência sexual. No próximo ano, o cumprimento de metas levará a concessão do selo Município Aprovado, com a promessa da geração de mais investimentos. De acordo com o levantamento, resultados positivos já são encontrados em áreas de grande vulnerabilidade social. Para o grande time de meninos e meninas, a iniciativa chega como um sinal de transformação. “O trabalho é pautado pela garantia dos direitos, incluindo também a proteção e a assistência. Durante quatro anos, acompanhamos ações para manter os alunos na escola, melhorar a qualidade da água e também da alimentação. Fornecemos as ferramentas e os gestores públicos assumem o compromisso de fazer bem feito”, explicou a coordenadora do Unicef, Jane Santos. Segundo ela, a moradia e o lazer também devem ser assegurados, assim como políticas de incentivo ao respeito e luta contra toda forma de preconceito. “A inscrição de cada município é voluntária, a partir do momento em que entende a necessidade de mudanças.O estudante Marcelo Gomes, 14 anos, veio de Salgueiro, localizado a 516 km do Recife, para contar um pouco das experiências após a implantação do programa. “Com as aulas de artes marciais, melhorei o preparo físico e hoje tenho mais disposição. Já no curso de teatro e circo, consegui perder o medo de falar em público e ampliar a memorização. Agora consigo melhores notas”, comemorou. Junto a ele, Ítalo Viana, 13, também se sentiu beneficiado. “Temos aulas de informática que não teria condições de pagar. Estou me preparando para um futuro melhor”, disse. O município também registrou queda de cerca de 80% no quantitativo de mortes de bebês. O número passou de 60 para 13, a cada mil nascimentos. “Tornamos o pré-natal mais acessível e ampliamos o quadro de profissionais em postos da rede básica”, destacou o prefeito Marcones Libório.
AGRESTE – Em Casinhas, no Agreste, um programa de alfabetização e atendimento a portadores de necessidades especiais conseguiu reaproximar os garotos da sala de aula. O mesmo aconteceu em Tuparetama, no Sertão, com a construção de novos prédios em áreas rurais, com difícil acesso. O município saltou para o terceiro lugar no Ideb. Passando para Arcoverde, medidas de conscientização contra o trabalho infantil contornaram antigas práticas do comércio local. O Núcleo de Cidadania dos Adolescentes (Nuca), localizado em Bonito, vem promovendo palestras sobre gravidez na adolescência e doenças sexualmente transmissíveis. Para Sthefany Neri, de 16 anos, matriculada no segundo ano do Ensino Médio, a chegada de projetos voltados aos jovens é vista com bom ânimo. “As escolhas de hoje representarão o nosso destino. Além do vestibular e mercado profissional, estamos nos preparando para a vida”, avaliou.
SELO – O selo é um reconhecimento internacional. Conforme o Unicef, a premiação visa também contribuir para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e das Metas Pós-2015, além de reduzir as desigualdades regionais do País. “Não distribuímos recursos, mas fortalecemos competências. No entanto, quem recebe o selo tem sinal verde para angariar verbas junto ao Governo Federal. A ideia é conseguir tirar projetos do papel”, acrescentou Jane.