CE: Programa de combate à evasão deve ser lançado em março
O Ceará tentará mitigar o problema da evasão escolar com o programa Nenhum Aluno a Menos, que será lançado em março. Segundo o governador Camilo Santana (PT), a iniciativa terá a “mesma força” que o Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic), criado há dez anos e responsável por melhorias crescentes nos índices do Estado. Dados preliminares com base nas matrículas escolares indicam que a taxa de abandono nas escolas da rede pública estadual em 2017 foi de 6,3%. “A nossa meta é tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio”, ressaltou.
O anúncio foi feito pelo governador na manhã de ontem, no Palácio da Abolição, durante apresentação dos resultados do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (Spaece) referentes ao ano de 2017. O programa Nenhum Aluno a Menos prevê pactuação entre municípios, plano educacional com metas, acompanhamento de indicadores e premiações.
Devem ser criadas ainda “ferramentas atrativas para os alunos”, no intuito de garantir que eles percebam que “o grande caminho para construir o futuro é através da escola”.
“Vamos acompanhar o aluno que está deixando de frequentar a escola. O diretor é responsável. Se aquele aluno está faltando a escola, procurar saber o motivo, procurar a família, resgatar o aluno de volta para o colégio”, explicou.
De acordo com Camilo, foi diagnosticado como ponto crítico a fase de transição do ensino fundamental para o médio. “A gente tem avaliado que nesse problema da violência, o grande perfil do jovem que hoje está preso e que está cometendo crimes é que não concluiu nem o ensino fundamental.
Eles abandonaram a escola, por falta de perspectiva ou por falta de oportunidades”, avaliou. Segundo Rui Aguiar, coordenador do escritório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Fortaleza, é primordial estabelecer a relação entre a ausência da educação e a violência. “A primeira coisa é que a educação continua sendo a principal política pública de inclusão e proteção social de crianças e adolescentes. Se a gente avaliar os homicídios na adolescência, eles ocorrem quando o jovem estava fora da escola”, comenta.
Rui ressalta, no entanto, que é preciso a integração de políticas de educação, saúde e assistência social, além da geração de emprego. “É muito importante a garantia do emprego. O jovem estar na escola e ter um programa de educação profissional com renda. Só que os programas de aprendizagem não chegaram onde os adolescentes que mais precisam estão”, destaca.
De acordo com ele, é preciso uma readequação curricular para atender o perfil de quem retornar. “Essa ação de busca ativa de quem tá fora da escola é extremamente importante. Tem que ter ação de adequação curricular. Adequar para quem abandona e retorna”, avalia.
AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO CEARÁ
ALUNOS AVALIADOS Foram 92.752 alunos do 2º ano avaliados (100% de participação). Além de 108.226 do 5º ano (99,7%) e 102.686 do 9º ano (97,9%).
APLICAÇÃO DA PROVA No total, 303.664 alunos de 4.347 escolas de todos os 184 municípios foram avaliados entre os dias 28 e 30 de novembro de 2017.
DESAFIOS Nos próximos resultados do Spaece, o Estado não quer ter nenhum município abaixo do padrão intermediário em Matemática no 5º ano.
ENSINO EM FORTALEZA Para melhorar a avaliação dos alunos da Capital no Spaece, a Prefeitura de Fortaleza criou em 2017 o programa “Aprender Mais”, que reforça Português e Matemática.