Bebês são amamentados 5 vezes menos em países de alta renda

Veículo: O Globo - RJ
Compartilhe

As oportunidades de bebês serem amamentados em países de rendas baixa e média são muito maiores do que os lactentes das economias de alta renda.

A constatação é do relatório divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O estudo, com o título "Amamentação: Um presente da mãe, para toda a criança”, em tradução livre, revela que as razões incluem mudanças nas políticas dos governos, apoio social e percepção pública.

Países Lusófonos

Somente 4% dos bebês nunca são amamentados nos países de rendas baixa e média, ao contrário dos 21% em nações de alta renda. O estudo destaca que cerca de 7,6 milhões de bebês deixam de ser amamentados por ano.

Em países lusófonos, o menor índice de bebês que recebem leite materno é de Angola com 94,9%. A seguir estão São Tomé e Príncipe com 97%, Moçambique com 97,3% e Guiné-Bissau com 98%.

Os dados que serviram de base para o estudo foram oferecidos pelos governos e revelados pelo Unicef e pela Organização Mundial da Saúde, OMS. As agências fizeram uma atualização das diretrizes para aumentar as taxas de aleitamento materno.

Amamentação

A outra meta dessa pesquisa é garantir que trabalhadores dos hospitais amigos da Criança (BFHI = IHAC) estejam capacitados em práticas para apoiar a amamentação.

O estudo destaca que a amamentação tem benefícios para a saúde da mãe e da criança, especialmente quando esta é exclusiva nos menores de 6 meses de idade. Mas revela que essa opção nem sempre é viável para muitas mulheres por causa de fatores como a licença maternidade, paternidade ou parental curta ou inexistente. 

Entre as razões que contribuem para as baixas taxas de amamentação em países de alta renda estão questões sociais e culturais, mas também a falta de apoio às mães.

Licença

O estudo cita políticas nacionais que vão desde a falta de assistência no momento do parto e nos centros de saúde, a regras sobre venda, comercialização e marketing não ético do leite artificial (fórmulas infantis) e a questões relacionadas ao trabalho da mulher, muitas vezes, autônoma ou mercado informal – sem proteção por leis trabalhistas.

Mesmo entre as nações de alta renda, as barreiras ao aleitamento materno variam. Entre os exemplos de sucesso estão Omã, Suécia e Uruguai onde todos os bebês são amamentados. Cerca de 74% dos bebês tomam leite artificial nos Estados Unidos e 55% na Irlanda.

Mais de um terço dos 2,6 milhões de bebês em países de alta renda que nunca recebem leite materno são dos Estados Unidos.

Amamentar pode evitar 20 mil mortes por câncer de mama

Essa publicação revela também que “aumentar as taxas de aleitamento materno ajudaria a prevenir mais 20 mil mortes de mães por câncer (CA) de mama”.

A investigação lembra que amamentar ajuda também a proteger a mulher das hemorragias e das depressões pós-parto, do CA nos ovários – além do CA de mama –, problemas cardíacos e diabetes do tipo 2.

Em relação às crianças, o Unicef sublinha que amamentar os bebês, “desde a primeira hora” e exclusivamente com leite materno, “até aos seis meses e continuar até aos dois anos ou mais, associado com outros alimentos complementares e seguros, é uma das práticas mais poderosas para garantir a sobrevivência e o bem-estar das crianças”.

Por essas razões, a investigação conclui que “melhorar as taxas de amamentação em todo o mundo poderia salvar a vida de mais de 820 mil crianças com menos de cinco anos, todos os anos, a maioria (87%) com idades abaixo dos seis meses”.

Contrariando outros indicadores de desenvolvimento socioeconômico, é nos países com rendimentos mais altos que as taxas de aleitamento materno são menores. Nessas zonas do globo, um em cada cinco bebês nunca foi amamentado. Já nos países mais pobres, ou em desenvolvimento, a quase totalidade dos bebês tem acesso à amamentação.