Relatório A Mídia dos Jovens

(2007)

Realização:

ANDI e Instituto Votorantim. Apoio: UNICEF

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Uma questão de perspectiva

Não é de pequena amplitude a contribuição que os veículos de comunicação dirigidos aos adolescentes e jovens vêm dando ao processo de formação cidadã de seu público. Mas apesar de hoje multiplicarem-se as evidências que sustentam esse entendimento, ainda com muita frequência surgem vozes acusando a chamada Mídia Jovem de tratar leitores, ouvintes e telespectadores essencialmente a partir da perspectiva do consumidor – ou seja, oferecendo publicações e programas com pouca consistência informativa ou reflexiva.

Como explicar tal paradoxo? Boa fatia da responsabilidade, sem dúvida, pode ser atribuída à própria visão preconceituosa que nossa sociedade ainda dedica aos jovens: se estes são inconsequentes e alienados, nada mais lógico que os conteúdos midiáticos a eles dirigidos também apresentem baixa qualidade. Quem opta por esta abordagem ignora que os meios de comunicação vêm aprendendo a responder às crescentes demandas relacionadas à sua função social. Enquanto isto, os espaços tradicionais de referência para o adolescente e o jovem – como a família e a escola – nem sempre têm conseguido prover as necessidades de informação geradas por uma realidade em acelerado processo de mudança. É nesse contexto que a mídia se firma como um destacado instrumento de socialização.

Além de reconhecer a influência na formação de valores, mentalidades e atitudes, vale observar ainda a capacidade dos meios de comunicação em estimular o desenvolvimento de uma visão crítica e de uma postura mais participativa entre o público jovem. Em um País que segue ostentando o título de um dos mais socialmente injustos do planeta, esse aporte para a consolidação de uma consciência cidadã não pode ser avaliada superficialmente.

Foi com o objetivo de trazer contribuições efetivas a esse cenário que nasceu, em 1997, a Coordenação de Mídia Jovem da ANDI. Pautadas pelo diálogo estreito com os veículos de comunicação e com os inúmeros atores sociais que vêm trabalhando pelo fortalecimento das políticas de juventude no Brasil, diferentes atividades foram desenvolvidas no âmbito do novo núcleo – entre elas, a construção de uma metodologia especialmente voltada para a mensuração da qualidade da produção dos suplementos de jornais e das revistas do segmento juvenil.

A aplicação sistemática da metodologia permite que, ao longo das próximas páginas, surjam indicadores conclusivos quanto ao processo de evolução experimentado nos últimos dez anos por estes veículos. Nesta inédita perspectiva histórica está um dos diferenciais da presente edição do relatório A Mídia dos Jovens, cujo objetivo maior é seguir nutrindo o debate crítico em torno do fazer cotidiano deste importante setor da imprensa brasileira e, especialmente, dos parâmetros que regem sua responsabilidade social.

Boa leitura!

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