Escritor pede mais cultura indígena nas escolas
Daniel Munduruku cresceu nos anos 1960 na aldeia Katô, interior do Pará, a 300 quilômetros de Belém. Criado entre outros índios munduruku, teve um choque quando começou a frequentar uma escola primária na capital paraense, onde era chamado pelos colegas de "selvagem" e "sujo". Foi sua primeira lição sobre o tratamento reservado aos índios no Brasil, conta ele. “Eu quis deixar de ser índio. Mas meu avô me resgatou, contando histórias sobre nossas tradições”, lembra Munduruku, que a partir desse episódio escreveu o livro "Meu vô Apolinário" uma das mais de 40 obras que publicou. Hoje, aos 49 anos, é ele que ocupa o lugar de contador de histórias. Ganhador de um Jabuti e do prêmio Tolerância, concedido pela Unesco, entre outras distinções. “O professor tende a repetir os estereótipos: comemora o Dia do Índio, mostra pintura corporal, oca e arco e flecha. Isso acaba perpetuando uma visão preconceituosa dos povos indígenas como atrasados. A folclorização das tradições indígenas joga por terra uma parte importante e dinâmica da cultura brasileira”, diz.