Infância na Mídia – 12ª edição
(2002)
Realização:
Este relatório é uma realização da ANDI e do Instituto Ayrton Senna, com apoio do Unicef, do Instituto WCF e da Fundación Arcor.
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Apresentação
Em linha ascendente pelo menos desde 1996, a presença de questões relacionadas à criança e ao adolescente se consolida na imprensa brasileira. Os números do ranking anual apresentado nesta edição da pesquisa Infância na Mídia são a evidência de que a consciência da necessidade de melhoria da qualidade de vida de meninas e meninos do Brasil, o respeito a seus direitos e a coresponsabilidade de jornalistas e veículos de comunicação quanto à promoção do desenvolvimento humano são aspectos que na última década não simplesmente despertaram o País para a urgênciade encontrarmos soluções para nossos problemas.
Não pensamos ser exagero afirmar que, ao trazer a criança e o adolescente para o centro das prioridades, a própria imprensa renovou sua maneira de investigar a realidade e sua relação com os leitores – agora mais construtiva e propositiva. Uma das melhores conclusões do ranking anual da pesquisa Infância na Mídia está, entretanto, não no significativo número de matérias publicadas (mais de 75 mil em 2001) pelos maiores jornais e revistas do País. Está em dois índices qualitativos.
Por um lado, o índice de Busca de Soluções (matérias que ampliam o debate, revelam experiências bem sucedidas e questionam a omissão dos setores sociais) ultrapassa 35% do total do noticiário, contra menos de 9% daquelas que se limitam à denúncia (fundamentais sim, mas parciais). Por outro lado, estão os índices que permitem avaliar o jogo de forças entre as Fontes de Informação com as quais a imprensa conta para alimentar o noticiário. Neste aspecto, parece extremamente saudável que a distância entre os percentuais de fontes oficiais e fontes da sociedade civil venha diminuindo a cada ano em benefício de um jornalismo pluralista, crítico e o mais independente possível.
Maior contextualização histórica e sócio-cultural aos fatos, assim como mais aguçada visão das situações cotidianas – enquanto fenômenos sociais possibilitadores (ou limitadores) do desenvolvimentro humano – são passos a serem dados com a mesma firmeza com a qual se construiu, ao longo da última década, a “ótica dos direitos”. Tudo leva a crer que a imprensa e os atores sociais estão prontos para ampliar e aprimorar o diálogo.
A segunda parte desta edição apresenta análise detalhada sobre como a imprensa cobre um dos mais perversos crimes cometidos contra a infância e a adolescência, o crime de exploração e abuso sexual. Trata-se de uma reflexão para a qual foram convidados renomados técnicos e líderes sociais, e cujo objetivo mais imediato é oferecer subsídios a editores, repórteres e fontes de informação para que possamos experimentar um salto qualitativo nas reportagens que certamente serão produzidas a propósito do Dia Nacional de Combate à Exploração e ao Abuso Sexual (em 18 de maio), e daí por diante. Para esta análise, tornou-se imprescindível a dedicação e o conhecimento dos consultores convidados graças à parceria do Instituto WCF-Brasil e Fundación Arcor, que somam-se ao nosso intuito de contribuir para um jornalismo que ao construir uma visão holística das circunstâncias sociais promova o mais plural debate sobre os caminhos do desenvolvimento humano sustentável.
A todos, agradecemos.