Infância na Mídia – 14ª Edição

(2005)

Realização:

O estudo foi realizado pela ANDI, com apoio do Unicef, do Instituto Telemig Celular e do Instituto Ayrton Senna.

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De olho na realidade

No contexto das sociedades contemporâneas, os meios de comunicação de massa desempenham papel central no que se refere ao agendamento do debate público. Ao contrário do que se poderia imaginar, porém, o reconhecimento desse fato coloca imensa responsabilidade não apenas sobre os ombros da mídia. Ao mesmo tempo, e em igual dimensão, impõe aos demais atores da cena democrática a missão de cuidar para que tal poder seja exercido, primordialmente, com vistas ao interesse coletivo.

Esse processo se torna muito mais desafiador quando analisado a partir da perspectiva de um país em desenvolvimento. Em um panorama como o brasileiro, é imprescindível que as discussões em torno do direito a uma informação de qualidade progridam para além dos limites que têm sido historicamente privilegiados. Nos falta aprofundar, por exemplo, as reflexões sobre o que, na ausência de melhor rótulo, vem sendo chamado de “responsabilidade social da mídia”.

Entre os tantos fatores que contribuíram para a manutenção desse debate em território conceitualmente restrito, ao menos três merecem especial atenção: a antiga inclinação de uma parcela significativa dos meios de comunicação brasileiros a práticas clientelistas, as décadas de autoritarismo impostas pelo regime militar e os recentes anos de ideologia globalizadora pautados pelo neoliberalismo. Não é de se estranhar, portanto, que o cenário atual de nossa imprensa termine refletindo um paradoxo: se, de um lado, as redações destacam-se como celeiros de profissionais brilhantes; de outro, costumam apresentar preocupantes limitações em relação tanto ao nível de prioridade dedicado à agenda social brasileira quanto à qualidade da cobertura dos eixos estratégicos dessa agenda.

sso não significa, por certo, que não haja avanços. Esta nova edição do relatório Infância na Mídia é prova do tratamento consistente que a mídia impressa, nos últimos anos, começa a oferecer às temáticas relacionadas aos direitos das crianças e adolescentes. Mais do que isso, registra também sinais de que uma abordagem sistêmica dos problemas nacionais, inspirada pela ótica do Desenvolvimento Humano, segue encontrando ecos na prática jornalística cotidiana.

O diagnóstico que a ANDI agora traz a público, focalizando os anos de 2003 e 2004, demonstra, portanto, a tendência de fortalecimento de uma cobertura mais plural e contextualizada. Os dados expostos nas próximas páginas, de maneira geral, apresentam melhores marcas do que aquelas relativas aos períodos anteriormente analisados. São claros indicadores de que este panorama promissor pode continuar a evoluir.

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