Rede pública de saúde é despreparada para tratar transtornos na infância
País tem poucos psiquiatras especializados para atender a um contingente numeroso de crianças que enfrenta o problema. Centros de referência estão lotados e acesso ao serviço público pode demorar três anos. Apesar de necessitarem de acompanhamento especializado para superarem as dificuldades e experimentarem a chance de ter uma vida adulta saudável e com menos sofrimento, a rede pública de atendimento nem sempre tem condições de oferecer o que precisam. A psiquiatra da infância e adolescência Ivete Gattás, coordenadora da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência (Upia) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), avalia que esse descaso tem tristes consequências. De acordo com ela, meninos e meninas com necessidade de atendimento em saúde mental demoram, em média, três anos para conseguir acesso ao serviço. O custo social da falta de cuidados com essa parcela da população é alto. Ela revela que o Brasil possui seis milhões de crianças que necessitam de atendimento em psiquiatria. Existem hoje no País apenas 400 psiquiatras da infância e adolescência capacitados, a maioria deles concentrados nos estados do Sul e Sudeste.