Brasil: País onde alunos passam mais tempo na internet nas horas vagas

Veículo: O Globo - RJ
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Os estudantes brasileiros estão entre os que ficam mais tempo na internet quando não estão na escola. Dados da Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) revelam que os adolescentes brasileiros da faixa de 15 anos passam mais de três horas diárias, durante a semana, navegando na rede. O país perde apenas para o Chile. Alunos da Bulgária, Costa Rica, Suécia, Reino Unido e Uruguai também ficam mais de 180 minutos por dia conectados.

Enquanto no Brasil o tempo de uso da internet em um dia da semana chega a 190 minutos, entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que realiza o estudo, os alunos costumam ficar 146 minutos on-line. No Chile, que ocupa o primeiro lugar entre 46 países que forneceram dados sobre isso, os estudantes ficam cerca de 195 minutos na internet quando não estão na escola.

Nos finais de semana o tempo de uso é ainda maior, chegando a 209 minutos no Brasil. Nesse caso, o país cai algumas posições entre as nações e economias nas quais os alunos gastam mais tempo na internet, ficando em 8º lugar entre os 46 com dados disponíveis. O Chile, no entanto, também lidera nesta lista. O tempo gasto pela média dos países da OCDE é de 184 minutos.

Entre os estudantes brasileiros, 47,% afirmaram usar a internet para jogar on-line todo dia ou quase todo dia. Entre as meninas, o percentual foi de 22,4%. No que diz respeito às redes sociais, 68,7% dos meninos disseram acessar redes sociais todos ou quase todos os dias. A porcentagem foi maior entre meninas: 72,6%. Cerca de 52,4% dos alunos afirmam participar de chats on-line frequentemente. No caso das meninas, o percentual é de 47,5%.

– Não dá para pensar em abandonar o acesso a essa tecnologia. O que se pode pensar é em um movimento de mais equilíbrio entre o uso da internet e outras atividades. Não se trata de ver a internet como uma vilã, ela pode ser um recurso de conhecimento e socialização, mas é importante que estudantes e família possam pensar em administrar esse tempo e tomar cuidado com o mau uso desse recurso- alerta Patrícia Mota Guedes, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Itaú Social.

Segundo o Pisa, o uso extremo da internet por dia, o que significa mais de seis horas diárias, está relacionado negativamente ao bem estar do adolescente. Em quase todos os países, os estudantes que extremamente conectados se sentem menos satisfeitos com a própria vida quando comparados aos demais. Considerando os membros da OCDE, 17% dos usuários extremos se sentem solitários na escola. Entre os que gastam menos de uma hora por dia na internet, um uso baixo, o percentual é de 14%. A taxa é de 13% entre aqueles que utilizam a rede entre duas e seis horas por dia, e de 12% entre os usuários moderados ( entre uma e duas horas).

Atividades físicas

Se os alunos brasileiros estão entre os que mais gastam tempo com internet, a realidade não é a mesma no que diz respeito às atividades físicas. Em meio a 56 países e economias que tiveram dados disponíveis, o Brasil fica em 43º entre os com maior índice de estudantes que praticam alguma atividade fora da escola.

Enquanto 69,8% dos estudantes dos países da OCDE relatam praticar esporte antes ou depois da escola, no Brasil o percentual é de 66%. O Pisa afirma que a falta da prática de exercícios pode ter reflexo no desempenho dos alunos.

De acordo com a pesquisa, estudantes que praticam mais atividades físicas moderadas tendem a se sair melhor na avaliação. Países onde os alunos não estão engajados em nenhum tipo de exercício físico tendem ter notas piores nas avaliações de ciências que aqueles que praticam alguma atividade entre um e seis dias por semana.