Esporte também pode ser trabalho infantil
Excesso de treinos, afastamento do convívio familiar e abandono da escola são alguns dos problemas. O esporte é visto como algo saudável e que traz inúmeros benefícios. Por esse motivo, é uma das atividades oferecidas por diversas entidades para manter crianças e adolescentes afastados das ruas. Com a realização de grandes eventos esportivos no Brasil, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, torna-se mais comum a discussão para formar novos atletas, que possam representar o Brasil a contento. O futebol, aliás, é um grande atrativo para as crianças, que além de gostarem do esporte, o vêem como uma forma de ganhar dinheiro e tentar melhorar as condições de vida. O problema são as diversas situações a que essas crianças acabam se submetendo, muitas vezes abandonando os estudos e ficando longe da família.
Violação dos direitos – Ana Christina Brito Lopes, doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná e consultora do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedca) alerta para o perigo de o esporte se configurar como um tipo de trabalho infantil. ''Os que trabalham com o esporte devem procurar demonstrar, de forma clara e objetiva, a clubes, federações e seus administradores, que a busca por resultados de curto-prazo, colocando crianças e adolescentes atletas com carga de treinamento de profissionais, pode apontar para duas consequências negativas: a violação dos direitos da infância e adolescência e a não conquista de melhores resultados esportivos, já que muitos atletas acabam abandonando a carreira prematuramente'', explica.