Apenas uma em cada quatro adolescentes grávidas conclui a Educação Básica
Natural da Bahia, em 2014, Tamires de Souza Santos, então com 18 anos, migrou para São Paulo ao lado do marido, em busca de uma vida melhor, “com mais condições”, conta ela. Estabelecidos na metrópole, as mudanças não demoraram a acontecer: uma nova vida, literalmente. Tamires espera uma menina para o mês de julho. A gravidez não deveria, mas interrompeu o sonho da jovem de concluir a Educação Básica. Com o Ensino Médio incompleto, Tamires não retomou os estudos em São Paulo por acreditar que não fosse permitido. “Como fiquei grávida, achei que não podia porque eu ia ter que sair para ganhar o bebê e cuidar dele”, explica. A gravidez precoce também afastou Rayane Hecher, de Cachoeira de Itapemirim, Espírito Santo, da escola. Grávida aos 14 anos, Rayane decidiu abandonar a escola “com medo de que pudesse sofrer algum acidente”. Hoje, com 15 anos, a adolescente ainda não retomou os estudos, mas pretende. Tamires e Rayane fazem parte do grupo de mães jovens que não concluíram a Educação Básica. O conjunto é heterogêneo e abriga mães que já haviam parado de estudar e não conseguiram retomar com o surgimento da maternidade, mães que desistiram após engravidar ou ainda aquelas que desistiram depois de dar à luz. O levantamento, que trabalha com dados de 2013, considerou apenas jovens entre 15 e 17 anos que estavam fora da escola. De acordo com esse recorte, cerca de 1,3 milhão de jovens nessa faixa etária não estudavam nem trabalhavam – são os chamados “nem-nem”. As meninas eram maioria nessa população, 59,1%. Dessas, aproximadamente um terço tinha pelo menos um filho.