Os pobres que estão fora das estatísticas
Luis, de 12 anos, não tem tempo para estudar. Ele trabalha quebrando e ensacando carvão para ser vendido em mercados como forma de ajudar a tia, que o mantém numa casa alugada em Lima, no Peru. O garoto também não tem documento de identidade ou seguro de saúde. E sua casa, feita de material precário, não tem saneamento. Mesmo assim, para o Instituto Nacional de Estatística do Peru, Luis, seus tios e primos não são pobres. A família tem renda de 1.450 soles (cerca de R$ 1.280), valor acima do limite de 1.420 soles (cerca de R$ 1.250) que distingue uma família pobre de uma de classe média. O cálculo coincide com os US$ 18,10 (RS 46) que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estima ganhar por dia uma família pobre. Na América Latina e no Caribe, 40,5% das crianças e adolescentes têm pouco ou nenhum acesso à educação, nutrição, saneamento ou habitação. Mas, para as estatísticas que medem a qualidade de vida apenas por renda, nem todos são considerados pobres, mostra reportagem especial produzida pelos jornais integrantes do Grupo Diários de América (GDA) em lembrança aos 25 anos da Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças das Nações Unidas, assinada por 193 países, comemorados na última quinta-feira (20).