A alma das crianças em situação de rua
Marrons, maluquinhos ou quadradinhos, os meninos sempre estiveram próximos de Ziraldo. Mas o cartunista e escritor ainda não havia produzido nada sobre os meninos de rua que enchiam as noites na Praça do Lido, em Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), onde ele morava. O desejo de contar quem eram esses garotos se transformou em projeto para livro que deveria ter sido publicado no começo dos anos 1980, mas Ziraldo não sabia como ilustrá-lo. O texto foi escrito e reescrito por diversas vezes. "Não sei desenhar meninos sofrendo. E a história ficou guardada na gaveta", conta Ziraldo. Foi quando Ziraldo reviu o mural Jogos infantis, de Cândido Portinari, no Palácio de Capanema. Desassossegou-se. "Cheguei em casa e não dormi enquanto não achei uma das versões da história e não folheei todos os meus álbuns de Portinari, povoados de meninos brasileiros." Ziraldo, então, recebeu a autorização de João Cândido Portinari, filho do artista, e as imagens dos meninos de Portinari ganharam voz na história que Ziraldo conta em Um menino chamado Raddysson, lançado em agosto durante a Bienal Internacional do Livro de São Paulo.