Há limites para a maternidade?
"É seu neto?" A carioca Lilian Seldin, de 58 anos, está acostumada ouvir a pergunta quando sai com Patrick, um menino de 4 anos e sorriso fácil. "Não, é meu filho", diz Lilian. Aos 53 anos, ela usou um banco de esperma para realizar o sonho de ser mãe. Submeteu-se a uma fertilização irt vitro, técnica de reprodução assistida em que o óvulo, retirado da própria mulher ou de uma doadora mais jovem, é fecundado em laboratório. O embrião é transferido para o útero da futura mãe que, nove meses depois, dá à luz seu sonho mais desejado. "Se soubesse que era tão maravilhoso, teria sido mãe antes", diz Lilian. Ela adiou a maternidade porque seus parceiros de dois casamentos anteriores não queriam filhos. Solteira depois dos 50 anos, decidiu que não tinha tempo a perder. Hoje, com o filho nos braços, diz não se preocupar com o estranhamento alheio por ser mãe mais tarde – sem um pai para compor o retrato padrão de família: "As famílias de hoje são diferentes, mas verdadeiras". As técnicas de reprodução assistida devolveram a mulheres como Lilian a possibilidade de engravidar, restrita pela natureza quando elas alcançam a casa dos 40 anos. Estudos sugerem que a fertilidade feminina se reduz drasticamente entre cinco e dez anos antes da menopausa, que costuma acontecer por volta dos 50.