Frente cobra continuidade de ações de combate à violência contra crianças durante pandemia
A Frente Parlamentar Mista da Primeira Infância cobrou das autoridades a continuidade das ações para o combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes em tempos de isolamento social. O grupo promoveu reunião virtual nesta quinta-feira (14) para ouvir especialistas sobre o assunto.
A coordenadora da frente, deputada Leandre (PV-PR), alertou para os riscos impostos pelo isolamento social na identificação desses casos. "A maioria dos casos de abuso de crianças e adolescentes acontece dentro de casa e é detectada na escola ou em outros lugares por onde a vítima transita. Mas, agora, com o isolamento social, a situação se tornou mais grave", destacou.
Leandre cobrou ações conjuntas do governo federal e dos governos estaduais para combater o problema.
Serviços essenciais
A presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Iolete Ribeiro da Silva, afirmou que para combater essa modalidade de violência, é preciso acompanhar as famílias. “Que a rede esteja atenta a essas situações para identificar quais serviços são essenciais e que devem ser mantidos durante esse período”.
A presidente do Conanda apresentou dados do Ministério da Saúde que demonstram que 70% dos casos de violência sexual são contra crianças e adolescentes e acontecem de maneira repetida por um longo período e no ambiente do lar.
O secretário nacional dos direitos da criança e do adolescente, Maurício Cunha, informou que, apesar do alto número de denúncias de abusos contra crianças e adolescentes, cerca de 200 mil, ainda há uma grande subnotificação. Para ele, esse problema só será resolvido a partir da superação do mito de que as crianças "inventam" que estão sendo vítimas.
"Isso é historinha de criança, a criança fantasia muito; isso é um mito, as pesquisas mostram que em 92% dos casos a criança está falando sim a verdade e mesmo nos 8% restante, ¾ as histórias inventadas são induzidas por um adulto para prejudicar outro adulto. Então quando uma criança relata um caso de abuso ou violência, ela é digna de todo o crédito", ressaltou.
Para facilitar a denúncia de abusos de crianças e adolescentes em tempo de isolamento social, a Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos já colocou em funcionamento um novo aplicativo, Direitos Humanos Brasil, que é gratuito e pode ser baixado em qualquer celular.