SP: Apesar da nova lei, crianças mais velhas são ‘esquecidas’ em abrigo
Mesmo com a nova lei da adoção, o Brasil ainda convive com a situação de crianças mais velhas que não são reintegradas à família original nem são adotadas e, por isso, passam a vida em instituições até se tornarem adultas.É o que ocorre, por exemplo, no Caribe Nosso Clubinho, em Ribeirão Preto (SP). Dos dez acolhidos, seis já vivem na instituição há mais de dez anos. Em vigor há três anos, a lei 12.010 foi implantada para evitar que crianças fiquem em abrigos indefinidamente.Pela lei, a permanência em casas de acolhimento não deve se prolongar por mais de dois anos, "salvo comprovada necessidade". O tempo ideal, porém, ainda é extrapolado. Em São Paulo (SP), nas seis casas de acolhimento da Associação Maria Helen Drexel, há 54 acolhidos.Destes, 28 já estão há mais de dois anos no local, a maioria adolescentes.
Entrave – Mais do que ser resistente a crianças pretas ou pardas ou ao sexo, é a idade o fator que mais afasta casais e solteiros da adoção.Esta foi a principal constatação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), com base no perfil do Cadastro Nacional da Adoção.Opções tão restritivas quanto a idade demonstram estar equivocado o foco da adoção, para o conselheiro Jefferson Kravchychyn. "Quando a adoção é só um ato de amor, funciona muito bem, e a pessoa não se importa com a idade", diz. "Mas muitos buscam a adoção como satisfação pessoal, porque não tiveram filhos”. Segundo o juiz Antônio Carlos Malheiros, do TJ de São Paulo, estrangeiros têm mais facilidade em adotar adolescentes, deficientes ou soropositivos."Não há outra explicação se não um problema cultural no Brasil [de não aceitar mais velhos]", diz Gabriel Matos, do CNJ.