Os filhos dados das mães pobres do sertão

Veículo: O Estado de S. Paulo - SP
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Segundo o Cadastro Nacional de Adoção, atualmente há uma criança disponível para cada seis pretendentes. O funil vai se estreitando conforme aumentam as exigências das famílias. Entre as crianças, menos de 1% são meninas brancas, com menos de um ano, tipo preferido pelos pais. "Se desejar uma menina branca recém-nascida, a fila de espera é longa. Se aceitar receber um menino negro, de 10 anos, que já viveu na rua, a adoção ocorre no dia seguinte", explica o advogado Antonio Carlos Berlini, presidente da Comissão Especial dos Direitos à Adoção da OAB-SP. Em 2005, depois de perder uma criança e ser obrigada a tirar o útero, Carmen se candidatou à adoção em Salvador. Percorrendo os povoados entre Monte Santo, Euclides da Cunha, Cansanção e Quijingue, para falar com as mães que deram seus filhos, o que sobressai, acima de tudo, são dramas familiares, arrependimentos, cicatrizes abertas – resultado do encontro de mães de dois mundos diferentes, com expectativas diversas sobre o futuro.