Abortos legais caem à metade em quatro anos
O governo da presidente Dilma Rousseff se ancora numa informação para tentar manter a lei que ampara mulheres vítimas de violência sexual: a quantidade de abortos legais caiu pela metade desde a massificação da pílula do dia seguinte. A lei 12.845, de agosto do ano passado, garante atendimento obrigatório a vítimas de violência sexual, com "profilaxia da gravidez" e fornecimento de informações sobre a possibilidade legal do aborto. No mesmo dia da sanção, a presidente enviou um novo projeto à Câmara dos Deputados que faz adequações à lei, de forma a minimizar a oposição dos grupos religiosos. Os ministros da Saúde, da Justiça e da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência argumentaram na justificativa do projeto que a implementação "efetiva" da pílula do dia seguinte no Sistema Único de Saúde (SUS) fez a quantidade de abortos legais cair de 3.285, em 2008, para 1.626, em 2012. Por isso, seria importante manter e explicitar a profilaxia na lei. As bancadas católica e evangélica na Câmara tentam revogar a lei 12.845. O instrumento usado para isso é um projeto do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). O governo, até agora, está perdendo a queda de braço.