A vingança dos mimados
Está na cartilha de nove entre dez educadores de qualquer lugar do mundo: a formação de crianças e adolescentes exige disciplina e imposição de limites. As teorias pedagógicas variam, mas dificilmente alguém discorda que, para formar seres humanos equilibrados, é preciso saber dizer "não" e não poupar a criança de frustrações. O pensador de educação americano Alfie Kohn discorda. Em seu novo livro, recém-lançado nos Estados Unidos, The myth of the spoiled child (“O mito da criança mimada”, em tradução livre), ele afirma que não há nada errado em cultivar a autoestima da criança e protegê-la das frustrações. "A educação deve ser baseada no apoio e no amor incondicional, apenas isso", diz. Não é a primeira vez que Kohn contraria um consenso na área. Ele é um crítico incendiário da educação nos Estados Unidos. Não faz pesquisas, mas se dedica a questionar de forma barulhenta as dos outros – papel útil no debate público de um tema tão importante. Publicou mais de 13 livros sobre o tema. Já afirmou que o dever de casa só atrapalha a criança, porque, acredita, torna o aluno excessivamente competitivo, atrapalha a vida familiar e reduz o interesse pelo aprendizado. Kohn também criticou a competição, tão em voga na educação atual.