A cada dez minutos, uma criança é vítima de violência no Brasil
A cada hora, seis crianças são espancadas, queimadas, mutiladas no Brasil. Apesar de impressionante, a dureza da estatística não expressa a plenitude desse tipo de violência, com os efeitos físicos e psicológicos que cada menino ou menina vivencia. Cerca de 70% das situações envolvem laços familiares e ocorrem em residências, seja da vítima ou do agressor. NO ESPECIAL a seguir, além de números que expõem a dimensão desse problema também comum em Santa Catarina, mostramos casos em que os responsáveis foram condenados pela Justiça. Mas essa é uma parte pequena. A estimativa é que para cada episódio denunciado, 10 fiquem no anonimato.
Vulneráveis
Sábado, quatro de junho de 2016. Quando hoje – Dia Mundial das Crianças Vítimas de Agressão – for ontem, cerca de 150 pequenos brasileiros terão sofrido alguma agressão física. A cada hora, seis vão ser espancados, queimados, mutilados.
Santa Catarina contribui para essa estatística dolorosa. No ano passado, 1.006 denúncias chegaram às regionais de polícia do Estado, quase três por dia. Outro sinalizador dessa situação perversa em território catarinense é o Disque 100, o serviço de atendimento telefônico sigiloso e gratuito da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, com sede em Brasília. Em 2015, 1.681 denúncias tiveram origem em Santa Catarina. Um aumento de 19% em relação ao ano anterior.
Tão duro quanto as estatísticas – a estimativa policial é de que para cada caso denunciado 10 fiquem no anonimato – é saber que o espaço em que isso ocorre se dá exatamente onde as crianças deveriam se sentir mais protegidas: dentro de casa. Cerca de 70% das ocorrências no país são nas residências, seja da vítima ou do agressor.
Ainda que parte dessa realidade permaneça escondida em casa ou velada por supostos acidentes, os dados servem de alerta. Em Santa Catarina, no ano de 2014, foram 253 internações. Em 2015, um pouco mais, 291, sendo que 73 das vítimas tinham entre zero e nove anos.
Em alguns casos a crueldade é tanta que as crianças não resistem e morrem. É o que especialistas chamam de violência fatal. Isso aconteceu em 10 de abril com uma menina de três anos em Araquari, vítima de traumatismo craniano. A mãe e o companheiro foram indiciados pelo Ministério Público pelos crimes de tortura, seguido de morte e estupro de vulnerável.
O homem, por execução; a mulher, por omissão.
Em Florianópolis, a 6ª Delegacia de Polícia de Proteção à Criança investiga duas mortes ocorridas também neste ano. Um caso é de um menino de três anos que teria caído de uma árvore. Há suspeitas de que tenha sido empurrado por um familiar adulto. A mesma equipe policial cuida de outro inquérito. Neste, o pai é suspeito. Laudo pericial sugere que os coágulos na cabeça da criança sejam consequência da “síndrome do bebê chacoalhado”.
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