70% das crianças e adolescentes acessam redes sociais diariamente no Brasil, diz estudo
A nova edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil, lançada nesta quarta-feira (23), revela que a maioria das crianças e adolescentes brasileiros, com idades entre 9 e 17 anos, acessa plataformas digitais com alta frequência.
O levantamento destaca que 70% dos jovens utilizam o WhatsApp diariamente, sendo que 53% acessam o aplicativo várias vezes ao dia. O YouTube, Instagram e TikTok também estão entre as plataformas mais acessadas, com 66%, 60% e 50% de uso, respectivamente.
Os dados, coletados pela primeira vez pela pesquisa, foram apresentados durante o 9º Simpósio Crianças e Adolescentes na Internet, organizado pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Segundo Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, a motivação para investigar a frequência de uso das plataformas foi baseada na necessidade de criar políticas públicas e regulamentações eficazes.
“Esses dados buscam contribuir para debates sobre a participação digital de crianças e adolescentes e orientar ações relacionadas à segurança online”, explica Barbosa.
Faixa etária e frequência de uso
O estudo revelou que a frequência de uso das plataformas varia conforme a faixa etária. Entre as crianças de 9 a 10 anos, o YouTube lidera com 70% de acessos diários ou quase diários, seguido pelo WhatsApp com 52%.
Já para adolescentes de 13 a 17 anos, o WhatsApp e o Instagram se destacam, com 91% e 81% de uso frequente, respectivamente.
Além disso, a pesquisa identificou que 72% dos jovens acreditam ser capazes de usar as redes sociais sem a supervisão de adultos. No entanto, essa percepção não é compartilhada por seus responsáveis: apenas 57% dos pais e responsáveis confiam na habilidade dos filhos para navegar online de forma independente.
Segurança online
Os dados revelam que 61% dos responsáveis afirmam monitorar as atividades digitais das crianças e adolescentes, especialmente em idades mais jovens, como de 9 a 10 anos. Entre as estratégias de mediação parental, 34% utilizam filtros para bloquear sites e 32% restringem aplicativos que podem ser baixados.
A pesquisa também aborda a percepção dos responsáveis sobre os riscos online, com 44% dos jovens relatando situações incômodas na internet.
As meninas tendem a compartilhar mais esses episódios com os responsáveis do que os meninos, reforçando a importância de manter um diálogo aberto sobre segurança digital.
Impacto das condições socioeconômicas no acesso
A TIC Kids Online também investigou como as condições socioeconômicas afetam o acesso à internet. A maioria dos jovens de classes A e B (99%) utiliza a internet, enquanto o percentual é um pouco menor nas classes C (93%) e D/E (91%). O estudo mostrou que 81% dos entrevistados possuem celular próprio, com os adolescentes de 15 a 17 anos registrando a maior taxa de posse (93%).
O ambiente doméstico é o principal local de acesso à internet, seguido pela escola, onde 56% das crianças das classes AB e C utilizam a rede, enquanto nas classes DE essa proporção é de 44%.
Com a popularização de plataformas como WhatsApp, YouTube, Instagram e TikTok, a necessidade de criar um ambiente online mais seguro para essa faixa etária se torna cada vez mais necessário. Como ressalta Renata Mielli, coordenadora do CGI.br, “a forte presença de crianças e adolescentes na internet reforça a urgência de ações que garantam os direitos e a proteção dessa população no ambiente digital”.
A TIC Kids Online Brasil é realizada pelo Cetic.br em alinhamento com o projeto Global Kids Online, coordenado pelo Unicef, e busca fornecer dados atualizados para orientar políticas públicas e ações voltadas à proteção e inclusão digital dos jovens no Brasil.
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