Abandono escolar atinge recorde histórico entre crianças e adolescentes do Ensino Fundamental, mostra IBGE

Veículo: Carta Capital - SP
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Abandono escolar
Foto: Foto: Gilberto Reis/Educação SP

Quase 400 mil crianças e jovens de 6 a 14 anos não estavam frequentando a escola em 2023. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta sexta-feira 22, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O número demonstra que 5,4% dos alunos abandonaram a escola no último ano. Ainda que 94,6%, a maioria dos alunos, estejam na etapa escolar adequada para esta faixa etária, o aumento do abandono acende um alerta para a educação no Brasil

A parcela de crianças na escola começou a cair a partir de 2019. Daquele ano para 2022, o volume de alunos foi de 97,1% para 95,2%, refletindo, até então, os efeitos da pandemia de Covid-19.

Desta vez, atingiu o menor patamar da série, abaixo da meta de 95% dos alunos na escola imposta pelo Plano Nacional de Educação (PNE).

9 milhões de alunos fora da escola 

A Pnad divulgada nesta sexta mostra, ainda, que 9 milhões de estudantes não conseguiram terminar o Ensino Médio no Brasil, em 2023. Destes, 58,1% são homens e 41,9% são mulheres. 

A discrepância é maior entre a população negra. Cerca de 71,6% dos alunos que desistiram de estudar são pretos ou pardos, enquanto o cenário é de 27,4% entre os brancos.

Por região, a distância do parâmetro nacional é maior no Nordeste, onde apenas 45,6% completaram o ciclo do ensino básico.

As causas do abandono

A maioria, 41,7% dos jovens entre 14 e 29 anos abandonaram a escola pela necessidade de trabalharO número representa um aumento de 1,5 ponto percentual em comparação com 2022. 

Na sequência, aparece a falta de interesse nos estudos, com 23,5%. O cenário também afeta de forma distinta homens e mulheres.

Enquanto entre os homens, 53,4% apontaram a necessidade de trabalhar como o principal motivo para a evasão escolar e outros 25,5% relataram não ter interesse nos estudos. 

Já entre as mulheres, 25,5% citaram o trabalho como principal motivo, mas a gravidez aparece em segundo lugar, mencionada por 23,1% das mulheres, seguida pela falta de interesse em estudar, com 20,7%. 

Analfabetismo resiste no Brasil

A mesma pesquisa mostra também que o Brasil ainda tem 9,3 milhões de pessoas analfabetas com 15 anos ou mais de idade. 

Ao considerar o índice em 2022, houve uma redução de 0,2%, o que corresponde a uma queda de pouco mais de 232 mil analfabetos, em 2023.

Desse grupo, 8,3 milhões têm mais de 40 anos. A maior parte, cerca de 5,1 milhões de pessoas ou 54,7%, viviam na região Nordeste — que apesar de ainda ter o maior número de analfabetos, registrou queda. 

A menor taxa foi registrada no Sul, com apenas 2,8% de pessoas analfabetas acima de 15 anos.

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