Adolescentes fazem festas regadas a álcool
O artigo 243 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) deixa bem claro: fornecer ou vender produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica à criança ou ao adolescente é crime, com pena de detenção de seis meses a quatro anos. Ainda assim, profissionais que trabalham no mercado de festas de aniversário de 15 anos relatam que são muito mais comuns comemorações com bebida do que sem. Pressionados pelos filhos, que não admitem o "mico" de fazer uma festa sem álcool para os amigos, os pais acabam cedendo. Dependendo do tamanho e do grau de ostentação das festas, como as que abrigam mais de 500 pessoas em salões nobres de hotéis, a medida de precaução limita-se a uma ambulância alugada na porta para socorrer quem se exceder no consumo.
Dependência – Psicóloga especializada em dependência química, e diretora da clínica de tratamento Clif, Elisabeth Carneiro observa que o que acontece é uma "ilusão do controle". “Os pais acham que é melhor que os filhos bebam com eles do que longe deles. Isso é uma ilusão. Os filhos vão beber dentro e fora de casa. A gente tem que lembrar que o Brasil tem a bebida como um fator cultural, e isso minimiza os efeitos negativos do álcool. O adolescente ainda está com o cérebro em formação, e o uso dessas substâncias pode preparar, sim, uma dependência futura”, avalia Elisabeth.