Ambiente saudável ajuda crianças a prosperar na vida, indica estudo
Crianças com boas relações familiares e que vivem em um ambiente saudável têm mais probabilidade de prosperar na vida. Essa foi a conclusão de um estudo realizado entre 2026 e 2019 e publicado na Revista Pediatrics, no dia 16 de maio de 2022.
Pesquisas anteriores já apontaram que os laços familiares diminuem o risco de problemas comportamentais e abuso de drogas mais tarde. “O que foi diferente neste estudo foi que mostrou que a conexão familiar está associada à prosperidade e não apenas à sobrevivência ou evitar danos”, disse o principal autor do estudo Robert Whitaker, diretor de um programa da Columbia University, nos Estados Unidos.
Como foi feito o estudo?
A análise contou com um total de 37.025 crianças entre 11 a 13 anos, em 26 países. Os dados foram coletados em toda a Europa, África, Ásia e América do Sul a partir da Pesquisa Internacional de Bem-Estar Infantil, trabalho apoiado pela Fundação Jacobs, uma organização com sede em Zurique que se concentra em fornecer a escolas de todo o mundo conhecimento baseado em ciência para ajudar as crianças a ter sucesso.
O vínculo familiar foi determinado por um escore médio de cinco categorias: cuidado, apoio, segurança, respeito e participação.
Para cada assunto, os participantes receberam uma afirmação e foi solicitado que avaliassem o quanto concordavam com ela, pontuando de zero (não concordo) a 4 (concordo totalmente). Por exemplo, para medir o cuidado, as crianças foram questionadas sobre o quanto elas concordavam com a afirmação: “Eu me sinto seguro em casa”.
Já o florescimento foi determinado por uma pontuação média de seis categorias: auto-aceitação, propósito na vida, relações positivas com os outros, crescimento pessoal, domínio ambiental e autonomia. A estrutura da pesquisa foi a mesma das conexões familiares, exceto que o sistema de classificação variou de zero a 10.
Quais foram os resultados?
Os pesquisadores descobriram que adolescentes que relataram ter um grande vínculo com sua família também disseram também que estavam tendo sucesso na vida.
De acordo com Whitaker, a essência da conexão familiar é quando as crianças sentem que são aceitas e nutridas em casa, o que lhes permite aprender quais são seus pontos fortes e fracos em um ambiente seguro enquanto estão construindo sua identidade.
Quando se trata de florescer, trata-se de crianças aceitarem seus pontos fortes e fracos e, em seguida, serem capazes de usar seus pontos fortes para encontrar seu propósito na vida.
Ao final dos testes, as crianças com o maior nível de conexão familiar eram 49% mais propensas a prosperar em comparação com aquelas com o nível mais baixo de conexão familiar.
As pontuações mais altas em conexão familiar e florescimento vieram de crianças que disseram que moram com ambos os pais, têm comida suficiente ou nunca viam a família se preocupando com as finanças.
Para Elaine Reese, professora de psicologia da Universidade de Otago (Nova Zelândia), que não participou do estudo, não basta não ter depressão e ansiedade para viver uma boa vida. “Uma boa vida implica ter um senso de propósito e significado, que é o que a escala florescente deste estudo mediu”, disse Reese em entrevista à CCN.
Os pesquisadores então controlaram os dados dos níveis de pobreza das famílias, incluindo circunstâncias financeiras e insegurança alimentar, para remover o efeito que eles podem ter nos números. Depois disso, eles notaram que a força das conexões familiares ainda impactava o quanto as crianças floresciam.
Como fortalecer a conexão familiar
Os adultos têm uma influência muito poderosa no clima emocional da casa, por isso é importante criar um espaço onde as crianças se sintam vistas e ouvidas, disse Whitaker, além de sugerir algumas opções.
Uma boa oportunidade de fortalecer os laços familiares é em torno da mesa de jantar. Os adultos devem criar um ambiente onde as crianças se sintam à vontade para falar livremente.
Enquanto falam, os adultos devem mostrar que têm um interesse genuíno no que seus filhos estão dizendo e tentar suspender o julgamento.
Os adultos não precisam fazer grandes gestos para se relacionar com seus filhos. Ter conversas significativas é mais importante para sua conexão do que levá-los em viagens caras, por exemplo.
Whitaker também destacou que o silêncio é outra forma poderosa de comunicação. “Crianças e pais ou seus cuidadores passando tempo juntos em silêncio ou até mesmo fazendo tarefas domésticas podem criar uma conexão”, diz.
Outros adultos também podem ajudar as crianças
No futuro, Whitaker disse que quer pesquisar o impacto que membros da comunidade, como professores, têm nas crianças. “Suspeitamos que o senso de conexão com adultos não-parentais provavelmente aumenta a probabilidade de o adolescente florescer”, avalia.
Para Kelly-Ann Allen, psicóloga educacional e de desenvolvimento e professora sênior da Monash University (Austrália), que não participou do estudo, relacionamentos externos são importantes e impactam as crianças, especialmente durante a primeira infância.
“Se as crianças experimentam relacionamentos de confiança saudáveis cedo, é mais provável que elas estabeleçam relacionamentos de confiança saudáveis quando adultos”, destacou a especialista em entrevista à CNN.