Apesar de redução em casos de gravidez na adolescência, crimes e desinformação ainda são os maiores problemas
Os números de gravidez na adolescência em Minas têm reduzido e muito nos últimos anos. Os registros caíram quase pela metade no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2018. Nos seis primeiros meses de 2022, foram 4.737 meninas de 12 a 17 anos grávidas no Estado, número que chegou a 8.004 no mesmo período de 2018. A capital mineira segue a tendência de queda.
De acordo com números da prefeitura de BH, a média mensal de gravidez de meninas entre 10 e 19 anos passou de 216 casos em 2018 para 120 neste ano.
A queda é uma boa notícia, mas é preciso considerar que a gravidez na adolescência segue sendo um problema de saúde pública que envolve muitos riscos, além dos impactos para os adolescentes e familiares.
“A gravidez na adolescência é um problema de saúde pública. Isso porque a gestação de uma adolescência é considerada de risco em que observamos um aumento grande da mortalidade materna, fetal e neonatal. A principal causa hoje no mundo de morte em meninas de 15 a 19 anos são complicações gestacionais”, disse a coordenadora de Atenção Integral à Saúde da Mulher e Perinatal da Secretaria Municipal de Saúde, Cristiane Veiga. Ela ainda destaca que a gravidez adolescência aumenta o risco de parto prematuro, o risco de baixo peso ao nascer e da evasão escolar.
Ainda é preciso destacar o fato que, vários desses casos, podem envolver violência. “Qualquer gravidez abaixo dos 14 anos é considerada estupro de vulnerável. Então, um outro grande desafio é identificar dentro dessas gestantes adolescentes casos onde aconteceu violência.”
É papel da administração municipal é garantir o acesso à saúde para essas gestantes adolescentes e, em caso de violência, garantir o acesso ao do aborto legal. “Nosso foco é justamente garantir acolhimento, atendimento e assistência multiprofissional para superar, muitas vezes, o trauma de uma gravidez indesejada e ainda considerada, né violenta.”
Segundo a fonte da prefeitura de BH, a informação é um fator determinante para se pensar na prevenção da gravidez na adolescência. “O principal fator relacionado à gravidez na adolescência é a desinformação em relação à saúde sexual e reprodutiva. Por isso, o fator mais importante é o acesso à informação, o acesso aos métodos contraceptivos”, disse.
A Secretaria Municipal de Saúde destaca que a pasta desenvolveu, em 2018, uma parceria com as escolas municipais e desenvolveu um programa com o objetivo de levar assistência à informação. “É necessário que a gente faça ações voltadas para vários atores envolvidos”
E foi justamente a informação, ou a falta dela, que mudou o destino de Raquel de Assis. Ela foi mãe aos 13 anos e relata falta de conhecimento, que resultou na gravidez que a fez começar os estudos para começar a trabalhar.
“Eu não tinha muita informação porque, naquela época, as mães não falavam muito sobre sexo, sobre ter uma gravidez. Quem descobriu (a gravidez) foi a minha mãe. Ela me levou ao médico e eu descobri. Eu já estava com três meses de gravidez.”
Ela conta que sofreu com o julgamento das pessoas. A minha gravidez foi bem tranquila, mas eu sofri mais foi com o julgamento dos olhares das pessoas quando eu ia fazer pré-natal”, contou.