Até as crianças
Em 44 depoimentos, uma das faces mais cruéis e menos conhecidas da ditadura brasileira ganha agora nova dimensão. Produzido pela Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, o livro “Infância Roubada” descreve torturas e abusos cometidos contra crianças e adolescentes. Filhos de presos políticos que hoje são adultos na faixa dos 40 a 50 anos contam na obra lembranças de abandono, da prisão e do exílio. E os traumas que o presente não apagou. “Se dizia que a ditadura brasileira não mexeu com as crianças, que era ‘ditabranda’. O livro comprova que a ditadura não deixou barato. São histórias impressionantes. É o relato mais sincero já produzido sobre o assunto”, diz o presidente da comissão, Adriano Diogo. Entre as histórias relatadas, está a de Ivan Seixas, que foi torturado aos 16 anos, enquanto ouvia gritos de seu pai sendo assassinado por militares. E a de Carlos Alexandre Azevedo, preso e agredido por militares quando bebê e que se suicidou no ano passado.