Brasil investe em seus alunos apenas metade do que gastam países da OCDE

Veículo: O Globo - RJ
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O Estado brasileiro gasta por ano com cada aluno do ensino fundamental à educação superior apenas pouco mais da metade do que é investido pelos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No total, o Brasil emprega cerca de US$ 5.600 por estudante, enquanto a média dos membros da OCDE gasta US$ 10.800. A baixa quantia faz com que o país seja um dos piores nesse quesito entre os 44 países analisados.

Os dados estão no relatório "Education at a Glance", divulgado nesta terça-feira pela OCDE, e, no caso de alguns países, levam em conta investimento público e privado. Entretando, as informações fornecidas pelo Brasil consideram somente os dados de investimento público. Para esse quesito, a OCDE analisou dados de 2014. O estudo analisa diversos aspectos da educação mundial, entre eles, os recursos financeiros empregados na área, além de dados sobre acesso e impacto na aprendizagem.

Ainda que o Brasil utilize 5,4% do PIB em investimentos em educação- taxa superior aos 4,8% empregados em média pelos países da OCDE-, o baixo investimento por aluno já é evidente nos níveis iniciais de escolarização. No anos iniciais do ensino fundamental, o Brasil investe cerca de US$ 3.800, enquanto os membros da OCDE gastam US$ 8.733 anuais por aluno. A discrepância aumenta no segundo segmento do ensino fundamental. Nessa etapa, os estudantes brasileiros custam US$ 3.814 para o estado anualmente, enquanto os países da OCDE empregam, em média, US$ 10.235.

No ensino médio, o cenário muda pouco. O Brasil tem uma despesa anual de US$ 3.870 e as nações da Organização US$ 10.182. O abismo entre os investimentos por aluno só diminui quando analisados os dados da educação superior. Os estudantes universitários são os que mais recebem aporte do Estado com uma quantia anual de US$ 11.666. O valor é próximo dos US$ 16.143 gastos pelos países da OCDE.

As explicações para justificar o baixo investimento por aluno são variadas, mas, entre elas, a constatação de que, no Brasil, a educação nunca foi prioridade dos governos.

– Começamos num patamar muito baixo de investimento por aluno, considerando isso já aumentamos bastante esse valor, mas continuamos com dificuldade de ampliação, vimos recentemente a aprovação da PEC do teto dos gastos. Além disso, O Brasil é um país jovem, temos muitos alunos, então para ter um investimento por estudante maior é necessário um esforço gigantesco do país. O Brasil nunca escolheu se desenvolver via educação. A educação nunca foi a escolha consciente de um governo- analisa Priscila Cruz, presidente-executiva do Movimento Todos Pela Educação.

Baixo investimento em pesquisa

Embora os gastos por estudante da educação superior no Brasil sejam mais próximos dos valores da OCDE, quando analisado para onde vai esse dinheiro, fica evidente a raiz da crise do financiamento de pesquisas no país.

De acordo com o "Education at a Glance", o Brasil gasta quase cinco vezes menos por aluno em pesquisa & desenvolvimento que as nações da OCDE. O montante empregado em pesquisas anualmente para cada aluno brasileiro é cerca de US$ 1.100, já nos países do grupo a média é US$5.100.