Caso Kalungas: ONG denunciou abusos há 5 anos
A violência sexual contra crianças e adolescentes kalungas já havia sido denunciada em 2010 pelo Grupo de Mulheres Negras Malunga, uma organização não-governamental (ONG). Na época, elas registraram relatos de abuso sexual em relatório de um projeto realizado com 160 crianças e adolescentes remanescentes de escravos, em Cavalcante, no Nordeste de Goiás. A iniciativa perdeu força diante das ameaças de morte direcionadas às integrantes do projeto. A economista Maria Cristina de Oliveira atuou como coordenadora do projeto e fez um alerta, apesar de ter recebido ameaças. “Questões relacionadas à reação da vítima, à situação da família nos casos de denúncia e comprovação dos abusos, bem como o desenrolar dos procedimentos policiais e judiciários, se impõem”, escreveu ela, na época, em documento enviado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que financiou o projeto. Apesar de o Fórum de Cavalcante contar 31 processos por estupro de vulnerável desde 2003, dos quais três são de vítimas kalungas, a presidente da ONG, a técnica em enfermagem Sônia Cleide Ferreira da Silva, disse que a estatística não é maior por causa do medo e isso faz o crime seguir subnotificado. “O número baixo é um reflexo desse medo, mas estou muito esperançosa de que realmente vai ter uma solução agora após o trabalho do jornal”, afirmou ela, referindo-se à reportagem exclusiva do Popular publicada em 4 de abril.