CE: Crateús “só fala” na seca e no campus da universidade federal

Veículo: Valor Econômico - BR
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Dois assuntos sempre aparecem nas conversas em Crateús: a chegada de um campus da Universidade Federal do Ceará (UFC) e a seca impiedosa, que impõe ao município um racionamento de água dia sim, dia não. Está em ação em Crateús um plano de desenvolvimento econômico centrado no ensino superior desenhado para pensar a realidade e os potenciais do Sertão nordestino. A inspiração vem de Campina Grande. A partir dos anos 70, a segunda maior cidade da Paraíba viu sua população e economia crescerem com a formação de um polo universitário. Os três principais cursos do futuro campus da UFC em Crateús serão engenharia ambiental, civil e de mineração. Cada disciplina foi estruturada com base na demanda socioeconômica dos 16 municípios do Sertão dos Inhamuns, região pobre e seca do centro-oeste do Ceará, com 500 mil habitantes. Crateús é a cidade mais rica e o maior centro comercial desse território. Além das engenharias, fecham a grade curricular os cursos de engenharia da informação e computação.

Com Bolsa Família e cisternas, menos famílias fogem do Sertão

Em tempos de Bolsa Família e outras políticas sociais, o efeito de uma das piores temporadas de estiagem no Nordeste em mais de 50 anos é, ao menos socialmente, diferente dos dramas narrados nas obras de Josué de Castro, Graciliano Ramos e Gláuber Rocha. A migração de populações inteiras de zonas rurais para centros urbanos é menos intensa, uma situação que ajuda as famílias e reduz a evasão escolar. Segundo Nohemy Rezende Ibanez, coordenadora de Desenvolvimento da Escola e da Aprendizagem da Secretaria Estadual de Educação do Ceará, escolas estaduais localizadas em regiões do Semiárido recebem abordagem diferente das políticas governamentais, como o recebimento de verba para comprar cisternas ou encomendar carros-pipa.