Cesáreas perpetuadas pelo medo
Pela Tabela de Nascidos Vivos no Brasil de 2011, que inclui dados da rede pública e privada de saúde, 52% dos partos realizados no País no ano passado foram cesarianas, número que vem crescendo há décadas. Em 2000, o índice equivalia a 38%. Mas, dentre esse total, quantos partos realmente precisavam ser cesarianas? Essa é uma das perguntas que a pesquisa Nascer no Brasil tenta responder. Coordenada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), a pesquisa entrevistará 24 mil mulheres. O estudo tem como objetivo conhecer os determinantes, a magnitude e os efeitos da cesariana desnecessária no Brasil em puérperas e recém-nascidos. Além disso, busca descrever a motivação das mulheres para a opção por um determinado tipo de parto e as complicações médicas durante o período do puerpério.
Dor do parto –Apesar dos resultados da pesquisa estarem previstos para setembro deste ano, a coordenadora do projeto, Maria do Carmo Leal, explica que o elevado número de cesarianas no Brasil é uma combinação do desejo das mulheres, "que realmente têm pavor da dor do parto", com o comodismo de vários médicos, que preferem "marcar as mulheres em série para realizar a operação".