Cidades verdes tem crianças mais inteligentes
Como sabemos intuitivamente, e comprova a professora Maria Assunção, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e coordenadora do Laboratório LABVERDE: “A proximidade às áreas verdes promove a saúde física, emocional e mental das pessoas”. O que ainda não se imaginava, e foi recentemente descoberto pelo Barcelona Institute for Global Health, é que as áreas verdes estão também relacionadas com o tamanho da nossa massa cerebral.
Segundo pesquisa publicada na Environmental Health Perspectives, crianças que crescem em vizinhanças com maior concentração de áreas verdes tem mais massa branca e cinzenta no córtex pré-frontal (que é responsável pelo pensamento complexo) – e isso acontece em ambos os hemisférios do cérebro.
O estudo é a continuação de uma pesquisa realizada no ano passado, na qual mais de 2.500 crianças receberam testes cognitivos ao longo de 12 meses e identificou-se que aquelas com maior acesso a áreas verdes e atividades ao ar livre tinham índices melhores de memória e atenção.
Agora, a nova pesquisa analisou 253 crianças em idade escolar, mediu a quantidade de área verde dos locais onde elas vivem através de imagens de satélites, e o tecido em seus cérebros através de imagens de MRI. O resultado é a provável razão física para a conclusão do estudo anterior.
O porquê exato desta relação entre o contato com a natureza e o crescimento da massa cerebral é uma dúvida que permanece sem resposta. Mas já não se pode negar que, embora pesquisadores ainda afirmem ser necessários mais estudos, inclusive analisando os tipos de vegetação, a presença de parques, praças e outras áreas verdes nas cidades ganhou mais um motivo para ser defendido.
Uma defesa importante e urgente, especialmente se lembrarmos que, hoje, as áreas urbanas somam menos de 1% do território brasileiro, mas abrigam 84% da população. Mas, como também explica Maria Assunção, essa defesa não deve vir sozinha. “A valorização das áreas verdes é evidente e crescente em todo o mundo. Mas não é só criar mais áreas verdes, é necessário cuidar delas, e isso não depende só da gestão pública, mas também da cultura e educação dos usuários”.
E você? Já parou para pensar o que está fazendo para conservar o verde do seu quarteirão?