Crianças acessam mais internet em casa que na escola, afirma relatório do Comitê Gestor da Internet no Brasil
Enquanto as crianças brasileiras ainda contam com uma baixa proporção de acesso à internet na escola, uma tendência aponta para o aumento do uso em ambientes privativos. Esses são alguns dos resultados apresentados pelo relatório Crianças e o uso da Internet: uma análise comparativa entre o Brasil e sete países europeus, que traz dados de Brasil, Bélgica, Dinamarca, Irlanda, Itália, Portugal, Romênia e Reino Unido. O estudo considera o uso de internet por crianças e adolescentes de 9 a 17 anos. Os resultados foram obtidos a partir da comparação entre os dados europeus do projeto Net Children Go Mobile e a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2013, conduzida pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, por meio do Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR). Os sete países europeus que compõem a pesquisa foram selecionados pelo Net Children Go Mobile, trazendo um recorte que representa contextos de uso diversos. Embora reconheça a dificuldade de estabelecer comparações entre locais com culturas, infraestruturas de comunicação e níveis de penetração da internet distintos, o relatório aponta que as diferenças significativas entre o cenário brasileiro e europeu podem ser relevantes em termos de políticas públicas. Para Maria Eugenia, analista da pesquisa TIC Kids Online Brasil, os resultados ajudam a conscientizar gestores sobre a necessidade de olhar para o tema.
Uso da internet na escola
“Um dos pontos principais que mereceria a atenção de políticas públicas é a nossa proporção baixa de acesso à internet na escola”, destaca Maria Eugenia. Apenas 36% das crianças brasileiras afirmaram usar a internet no ambiente escolar, enquanto 56% usam em casa ou algum local privativo. Os dados comparativos da pesquisa identificaram que o Brasil tem um acesso inferior do que a maioria dos países considerados, ficando na frente apenas da Itália, com 26%. Enquanto isso, no Reino Unido e na Dinamarca a porcentagem fica entre 88% e 80%, respectivamente. Alguns fatores foram apontados pelo estudo como itens que contribuem para a formação desse cenário. Entre eles, medidas proibitivas restringem o uso de dispositivos móveis, além da baixa qualidade e velocidade de internet nas escolas públicas. “Esse tipo de política pública vai na direção oposta do que os estudos têm nos apontado sobre a contribuição da internet para o ensino e aprendizagem”, afirma Maria Eugenia. De acordo com dados do Censo Escolar de 2013, apenas 58% das escolas brasileiras têm acesso à internet, sendo que 48% dispõem de banda larga. A velocidade também representa um empecilho, já que muitas instituições são contempladas pelo Programa Banda Larga nas Escolas com os 2 Mbps (megabits por segundo), velocidade insuficiente para a utilização de diversas ferramentas pedagógicas.