Crianças de até 2 anos usando internet estão em 44% dos lares
Crianças de zero a oito anos estão cada vez mais conectadas e com celular próprio. Entre 2015 e 2024, a fatia de crianças de até 2 anos usando a internet saltou de 9% para 44% dos lares brasileiros com conexão. Foi de 26% para 71% na faixa de 3 a 5 anos. E de 41% para 82% na de 6 a 8 anos, aponta um estudo inédito divulgado nesta terça-feira (11) pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), em evento pelo Dia da Internet Segura.
A análise feita pelo Cetic.br departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) tem como base os dados das pesquisas TIC Domicílios e TIC Kids Online Brasil, realizadas desde 2015. No ano passado, a pesquisa TIC Domicílios coletou dados de 23.856 domicílios no país.
Além do acesso precoce à internet, os dados também indicam a tendência de antecipação da posse de um aparelho celular por crianças e adolescentes usuários de Internet, especialmente após a pandemia da covid-19. Entre 2019 e 2021, as variações mais significativas foram verificadas entre crianças de 3 a 5 anos, onde a posse de celular aumentou de 12% em 2019 para 19% em 2021, e na faixa de 6 a 8 anos, com elevação de 22% em 2019 para 33% em 2021.
Na série histórica, entre 2015 e 2024, a fatia de crianças que possuíam celular próprio subiu de 3% para 5% na faixa de 0 a 2 anos; de 6% para 20% na de 3 a 5 anos e de 18% para 36% na de 6 a 8 anos.
“O levantamento reflete um cenário de maior conectividade com múltiplos dispositivos conectados nas residências, além do computador”, observa o pesquisador do Cetic.br, Winston Oyadomari. “Houve um aumento muito forte da TV conectada nos domicílios, principalmente faixa etária de zero a 2 anos”.
A primeira versão do levantamento, que tem como base entrevistas presenciais junto aos pais ou responsáveis pelas crianças, ainda não traz o tempo de uso da internet ou os conteúdos acessados pelas crianças de zero a oito anos. A pesquisa divulgada ontem (11) “é um primeiro passo para preenchermos uma lacuna de informação”, afirma a pesquisadora do Cetic.br, Luisa Adib.
O levantamento ainda não identificou se o uso de dispositivos conectados é acompanhado por adultos, mas Adib pondera que o acesso à internet de crianças deve ser mediado pelos adultos. “Quando o espaço digital surgiu, ele não foi projetado para crianças. Elas precisam ser assistidas”, alerta.
O tempo de conexão das crianças também será uma métrica a ser estudada. O uso de telas deve ser evitado entre os menores de 2 anos de idade, conforme as orientações da Academia Americana de Pediatria (AAP), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Para crianças com idade entre 2 e 5 anos, a recomendação é de que o uso seja restringido a uma hora por dia. Na faixa de 6 a 10 anos, deve-se limitar a duas horas diárias.
Com os novos dados, o Cetic.br busca fomentar estudos, políticas públicas e ações para garantir a proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital, informa Adib.
Para saber mais sobre o direitos das crianças, conheça a newsletter Infância na Mídia.