Crianças nascidas nos anos 2020 enfrentarão extremos climáticos sem precedentes, alerta estudo
As crianças de hoje enfrentarão um mundo mais hostil do que qualquer geração anterior. Um estudo publicado na revista Nature revela que, se o planeta continuar no atual ritmo de aquecimento (2,7°C até 2100), 83% dos nascidos em 2020 sofrerão ondas de calor sem precedentes ao longo da vida. Em um cenário mais crítico (3,5°C), esse número salta para 92%.
A pesquisa, pioneira ao cruzar dados climáticos e demográficos, mostra que os extremos não se limitam ao calor: secas, enchentes, incêndios e ciclones também marcarão o futuro dessa geração.
Crianças de países tropicais e de comunidades socioeconomicamente fragilizadas serão as mais atingidas, mesmo em cenários otimistas. Enquanto os mais ricos têm recursos para se adaptar, os mais pobres enfrentarão casas vulneráveis a enchentes, doenças e fome agravadas pelo clima.
O estudo indica que, se o mundo cumprir o Acordo de Paris (limitando o aquecimento a 1,5°C), 52% das crianças de 2020 escapariam de ondas de calor extremas, poupando 49 milhões de recém-nascidos e 654 milhões de jovens entre 5 e 18 anos. “Os líderes precisam agir agora para aliviar o fardo sobre os jovens”, alertou Wim Thiery, da Vrije Universiteit Brussel (VUB), coautor do estudo.
Parceira do estudo, a organização Save the Children reforça que os dados subestimam a tragédia. O Carbon Brief recorda que um estudo publicado na revista Science em 2021 liderado pelo mesmo grupo de pesquisadores já revelava que, num cenário de aquecimento global de 3°C, uma criança nascida em 2020 experimentará ao longo da vida o dobro de incêndios florestais e ciclones tropicais, três vezes mais enchentes fluviais, quatro vezes mais falhas agrícolas, cinco vezes mais secas, e impressionantes 36 vezes mais ondas de calor em comparação com alguém nascido na era pré-industrial – com os maiores aumentos projetados para as regiões do Oriente Médio e Norte da África.
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