Crianças que esperam (ainda) mais
Filha de uma moradora de rua com HIV, uma bebê abandonada em um hospital de Belo Horizonte (MG) após o parto, infectada pelo vírus, passou dois anos em um abrigo, onde foi isolada do convívio com outras crianças e até proibida de utilizar pratos e talheres do local, pois seus cuidadores temiam que isso transmitisse o vírus, o que não ocorre. O destino mais provável da pequena seria ficar no local até os 18 anos, mas um casal de São José dos Pinhais, no Paraná, decidiu mudar sua história. Ao aceitarem crianças soropositivas para a adoção, a jornalista Vivian Fiorio, 33 anos, e a diretora financeira Camila Ribeiro de Souza, 31, deram um novo lar para a menina quando ela tinha dois anos. Hoje com quatro, ela ganhou até um irmão de um ano e meio, também exposto ao HIV pela mãe biológica. No Brasil, a atitude do casal ainda é exceção. Um estudo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgado no último ano revelou que 85% dos candidatos a pais no País não desejavam adotar portadores de HIV.