Crianças são vítimas de exploração sexual na região do Marajó
Na tarde dessa quarta-feira (6) a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, debateu casos de exploração sexual de crianças e adolescentes na região do Marajó, no Pará. O debate contou com a presença de representantes do governo do Estado e representantes de instituições não governamentais que atuam no combate à violência sexual de menores de idade. A defensora pública Rita Cristina de Oliveira Tomaz enfatizou a importância do debate e citou a Igreja Católica como aliada no combate a esse tipo de crime no Marajó. “O Arquipélago do Marajó tem suas crianças e adolescentes entregues ao abuso sexual e à exploração sexual infantil com o privilégio de uma invisibilidade social que redunda em uma crueldade que é indescritível. A gente pensar no aparelhamento das estruturas federais e instituições federais nessa região tão vulnerável que é o Marajó. Quem sabe assim conseguimos um efetivo tratamento a ser dado para esse problema'”. A coordenadora da Comissão Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), irmã Henriqueta Cavalcanti, e o bispo da paróquia do Marajó, Dom José Ascona, relataram casos de abuso de meninas e meninos que eles têm acompanhado na região. Irmã Henriqueta contou que crianças ribeirinhas têm trocado a escola pela rotina de vida nas balsas, onde, segundo ela, constantemente acontecem os crimes de exploração sexual. “Essa realidade das balsas, ela não é uma realidade que tá distante e é desconhecida. E nós queremos trazer o clamor, o desespero dessas crianças que não têm mais infância; não sabem o que é viver. Porque a vida delas simplesmente se divide em estar subindo de balsa em balsa”. De acordo com Irmã Henriqueta, meninas dos municípios de Portel, Breves, Melgaço e Curralinho relataram que têm esperança de, nas balsas, encontrarem alguém que possa tirá-las da condição de pobreza e dar a elas uma vida melhor. A irmã e o bispo também ressaltaram que sofrem constantes ameaças por combaterem esse tipo de crime na região. O deputado Arnaldo Jordy, do PPS do Pará, propositor do debate, sugeriu, como resultado da audiência, a adoção de medidas repressivas na região do Marajó. Ele pediu uma operação conjunta das Polícias Federal e Estadual, com a presença reforçada de entes públicos que atuam na defesa dos direitos humanos das crianças e adolescentes.